12 Heróis Filme

12 Heróis | … e uns 15 clichês

Pesando quase duas toneladas e meia de bronze, o “American Response Monument” fica no lugar onde um dia estiveram as “Torres Gêmeas” e mostra um soldado americano em um cavalo durante a primeira ofensiva no Afeganistão após o atentado de 11 de Setembro. 12 Heróis é sobre esse soldado, mas acredite, é muito menos empolgante que a descrição da estátua.

No filme, Chris Hesmworth, Michael Shannon e Michael Peña são os únicos personagens que você irá reconhecer entre esses 12 soldados do título, eles são prontamente enviados ao “território inimigo” para ajudar um “warlord” local a conquistar uma cidade estrategicamente importante e que é controlada pela Al Qaeda. Os cavalos estão lá como meio de transporte durante a maior parte do filme, guardando uma importância um pouco maior para o final, mas nada de muito emocionante.

E você só conhece os três, é porque o roteiro de Ted Tally e Peter Craig parece não saber muito o que fazer com ninguém. Tally é um ganhador de Oscar por Silêncio dos Inocentes e Craig passou por filmes como Jogos Vorazes, o que deixa claro que as falhas não são falta de experiência, mas sim escorregões mesmo. E são muitos.

Somente os três personagens têm suas famílias apresentadas, assim como só eles parecem interagir entre si como se fossem amigos e não conhecidos de barraca em algumas missões. E se isso não bastasse, Tally e Craig ainda têm a “incrível” ideia de usar o “11 de Setembro” e uma espécie de “onde você estava quando as torres caíram”, para criar o tom de protagonismo deles. Como se precisasse de alguma coisa a mais para que o espectador torcesse por eles.

E não fica por ai, no desespero de fazer com que o vilão seja realmente vilanesco, o cara só se veste de preto e abre sua apresentação enquanto tortura três garotinhas e mata a mãe delas. Sim, 12 Heróis tem um vilão tão maldoso que, se não bastasse derrubar as Torres Gêmeas para motivar o quanto você não gosta dele, ainda apela para características exageradas e preguiçosas.

Isso não fica melhor do lados dos americanos, já que o tal “warlord” aliado, General Dostum (Navid Negahban) é um amontoado de clichês que anda por ai com umas frases de efeito, “killer eyes” e coragem para dar as caras sempre na ponta do ataque.

12 Heróis Crítica

E esses ataques, dirigidos por Nicolau Fuglsig, só não são um desperdício enorme de dólares, porque a produção capricha na recriação do local e nas explosões, tiros etc., ainda que, em nenhum momento, isso se mostre minimamente interessante, principalmente, porque o personagem de Hemsworth não para de repetir que nenhum de seus companheiros irá morrer e ele irá voltar para o Natal.

O que nesse caso não seria um lugar comum se você já não soubesse que isso iria acontecer, tem até uma estátua para celebrar isso. Sem o perigo resvalar em nenhum dos personagens, Hemsworth faz o papel do jovem capitão que precisa provar seu valor, Michael Shannon o velho que vai se aposentar (com direito até a dor nas costas) e Peña o cara simpático que serve de alívio cômico (pelo menos as piadas são boas, mas poderiam ser pulverizadas pelo resto do elenco).

A impressão que fica, no final das contas, é que 12 Heróis tinha tudo para ser um filmão se tivesse acabado nas mãos de um diretor mais experiente. Tem os personagens, a situação, os vilões e a reviravolta, tudo à espera de um Michael Bay, Peter Berg ou Clint Eastwood (que cairiam como uma luva na trama) para gritar “ação” por trás das câmeras.

Sem qualquer uma dessas opções, Nicolai Fuglsig é “o que tem para hoje” e o resultado é algo burocrático, duro e lento, como se aquela estátua de duas toneladas resolvesse sair por ai “correndo”. Pensando bem, imaginar essa cena já dá um resultado muito melhor do que qualquer pretensão de 12 Heróis.


“12 Strong” (EUA, 2018), escrito por Ted Tally e Peter Craig, à partir do livro de Doug Stanton, dirigido por Nicolai Fuglsig, com Chris Hemsworth, Michael Shannin, Michael Peña, Navid Negahban, Trevante Rhodes, Geoff Stults e Thad Luckinbill.


Trailer do filme – 12 Heróis

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