[dropcap]P[/dropcap]egando carona na lista de filmes sobre as diferenças das idades nos tempos atuais, 50 São os Novos 30 é uma comédia que aproveita sua protagonista para criar situações desconexas que existem para o riso fácil e descompromissado. O problema é que nem sempre é engraçado.
A história é clichê e cheia de furos: mulher independente sem filhos recebe um fora do seu marido aos 50 anos, que está saindo com uma moça mais nova. Para a conveniência do drama, ela é demitida do seu emprego e não consegue alugar um lugar para ficar. Por uma série de maniqueísmos, sua única saída é voltar a morar com os pais, que a tratam como se ela ainda fosse uma adolescente, apesar de criarem um negócio para ela se estabilizar o quanto antes e sair da casa deles.
A única piada verdadeira e honesta do filme talvez seja quando ela conhece seu par amoroso, que vive na mesma situação de morar com os pais, ele não é capaz de lhe dizer a verdade, mas a primeira coisa que ela faz ao ganhar intimidade é explicar sua atual situação, em uma referência divertida sobre a diferença dos sexos. O resto são momentos de humor entrelaçados, mas que soam televisivos. Como a mãe de Francine comprando um bronzeador artificial e tendo um caso lésbico onde todos do bairro parecem saber …Ha ha ha … sim, é divertido de assistir… esquecível também.
Já a atuação de Valérie Lemercier como Marie-Francine é adequada até demais. Ela parece estar fazendo uma dramédia, mas os roteiristas Sabine Haudepin e a própria Lemercier não parecem estar alinhados com esse seu estado de espírito. O resultado se torna mais engraçado, mas sem profundidade. Assista em uma tarde despretensiosa com pipoca. De preferência antes de chegar aos 50.
“Marie-Francine” (Fra/Bel, 2017). Escrito por Sabine Haudepin e Valérie Lemercier, dirigido por Valérie Lemercier, com Valérie Lemercier, Patrick Timsit, Hélène Vincent