Para os amantes do gênero de terror, o nome Hammer surgindo na tela do cinema já significou muito mais do que representa hoje, até por que um hiato de mais de uma década dessa produtora inglesa fez muito com que sua mítica se perdesse pelos tempos. Ainda assim, de dois anos para cá, a “casa de Peter Chushing e Christopher Lee” vem se esforçando para, pelo menos, corresponder de modo sincero as expectativas de seus fãs, e A Mulher de Preto não foge em absoluto disso.
Dirigido por James Watkins, que talvez seja conhecido do público amante do gênero muito mais pelos roteiros de O Olho que Tudo Vê, A Face Oculta do Mal e Abismo do Medo 2, do que por sua direção do terror “Sem Saída”, sendo que em nenhum desses momentos seu trabalho acaba impressionando, A Mulher de Preto é então esse filme de terror vitoriano sobre fantasmas e criancinhas, genérico até o último susto.
Mas como por sorte o gênero permite esse tipo de pasteurização, A Mulher de Preto acaba então contando com dignidade narrativa a história desse advogado inglês que viaja para uma casa recém abandonada, depois que seus moradores faleceram, com o intuito de arrumar todos seus documentos e providenciar sua venda, mas como nada poderia ser tão simples, chegando lá ele acaba descobrindo que a tal casa esconde sua parcela de segredos.
É lógico que A Mulher de Preto não parece preocupado em ocupar certos espaços abertos por uma série de erros graxos, já que seu grande objetivo é colocar a moça do título dando as caras no maior número de lugares inesperados, o que acaba sendo um jogo sincero com seu público, sempre acostumado com essas aparições de povoados minúsculos que parecem apontar certas dicas para que o herói acabe descobrindo que, na verdade, o que ela quer mesmo é paz, por mais que isso seja mais comum que fio de sangue escorrendo pelo canto da boca do Christopher Lee.
O que acaba surpreendendo então é a motivação pouco “chapa branca” da mulher de preto, já que ao final, muita gente acabe se surpreendendo com o andamento da trama, ainda que por se esticar de modo pouco usual acabe se deixando prever. Do mesmo modo a câmera de Watkins acaba se tornando pesada, já que pouco deixa que os sustos surpreendam, sempre deixando espaço dentro do plano, repetindo demais o ponto de vista que não é o do protagonista e acabando refém de uma trilha sonora bem comum.
Mulher de Preto é então um passatempo mecânico, daqueles onde o personagem central é lembrado de seu passado doloroso e é pouco encorajado pelos habitantes locais, ambos problemas que ainda passam pela escolha muito mais comercial de Daniel Radcliff (vulgo Harry Potter) do que artística, já que o ator, mesmo esforçado, não consegue passar ao público a credibilidade necessária do personagem, talvez jovem demais para ser pai e inexperiente demais para já estar sendo motivado por besteiras que tenha feito em seu emprego (ou isso ou a tentativa de pintar um personagem completamente incompetente).
Mas tudo vai pouco importar e passar despercebido, já que A Mulher de Preto acaba mesmo movido por esses clichês estéticos que os filmes de fantasma se sentem tão confortáveis, e os fãs nunca se cansam de se divertir com eles, um belo sinal de que, pelo menos, a Hammer volta mais que nunca a ativa, sempre pronta para fazer seu espectador pular no escuro do cinema.
Moneyball (EUA, 2011) escrito por Jane Goldman, a partir do livro de Susan Hill, dirigido por James Watikons, com Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds e Janet Mcteer.
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6 Comentários. Deixe novo
Ah, eu gostei do filme.. achei que ficaram vários espaços vagos nas horas de terror, mas a ideia era essa, porque mesmo sendo óbvio eu ainda levei sustos. Achei bacana a sutilidade, nada acontecia muito rápido, isso me deixava cada vez mais nervosa e o Daniel foi bem para mim.. Não vi um traço se quer de Harry Potter em sua atuação. Acho que sim, ele é meio novo para o papel, mas conseguiu me convencer.
Fora isso, ficou algumas dúvidas pairando no ar, como aonde está o cachorro. Ou, porque a mulher de preto persegue toda a vila só porque tinha raiva de duas pessoas… Mas ai também é um problema do livro, não do filme.
Ouvi dizer que vai haver uma continuação para o filme… (yn)
O filme me agradou , so deixou vago como parar essa mulher de preto , e o porque dessa vadia ta matando as pobres criancas , oq realmente ela queria alem de vingar 2 pessoas que supostamente , deixou seu filho morrer ,o que a cidade tem haver ? porque matava so se alguem a visse ? situacoes vagas e essas pg , me faz ter uma visao piorada do filme apesar de ter gostado. Axo que o Harry Foda-se foi bem , podia ter deixado ele mais rustico … mais fuleiro , nao pelas roupas mas aparencia.. um cabelo grande , um bigode de açogueiro serial killer , com manias como fumante , ou bengala , algo mais masculo … ele parecia uma donsela em perigo no filme ! mas de boa.
A , ele poderia tambem , ligar pros Winchester’s para resolver mais um caso , mas iam demorar um tempo. Ou mesmo , cremar o corpo da desgraçada da mulher de preto , com sal . Pra ela ”descansar” em paz , ou no hell ou no heaven !
Mas , foi tranquilo assistir , em nenhum momento me arrependi de nao ter visto.
em relaçao ao cachorro , muito ruim essa escolha de colocarem um cao como companhia , tinha que ser uma pessoa que morresse , seria melhor.
e nao gostei da retratacao de vida pos morte ! foi um final feliz , em partes , filmes de terror nao tem finais felizes , tem menos tristes !
O cachorro voltou com Arthur e o dono no carro, ninguém reparou não é!? E depois não apareceu mais ..
Acho eu que o filme tem por finalidade mostrar esse lado clichê sabe, daquele antigo bobo, mas que assusta por tradição… Já o Daniel, apesar de que eu goste muito dele, realmente achei ele muito novo para o papel, mas ele fez bem se contextualizarmos a época e a fisionomia dele, por ser mais recatado, mais tímido, o papel de um homem que perdeu simplesmente o amor pela vida e ainda ver o quão seu filho lembra o amor de sua vida, torna a atuação dele muito boa… e boa pergunta sobre o cachorro, fico me perguntando se aquelas pegadas não foram com o sangue dele, mas fica bem vago essa parte.
Outra coisa que achei estranho é que a mansão(pq era uma), se delimita no filme a quatro áreas eu acho, muito pouco explorado sabe… e ainda teve aquele desenho que o filho dele mostra no começo e aparece umas quatro vezes no filme, e tipow na casa, na hotelaria… Mas por fim acho que esse possa ter sido o intuito do produtor, deixar vago… como se fosse continuar… e por incrível que pareça, acho que o final foi o melhor possível
é verdade mesmo José, onde raios foi parar o cachorro? mas enfim, o problema nem foi o ator, mas sim sua escalação, talvez alguém mais maduro ajudasse mais o filme a funcionar…
Eu não conheço a Hammer como produtora, nem seu legado, mas no que consiste ao filme, realmente houve um exagero no uso do mesmo ângulo, que deixa espaço para que a mulher do título apareça. Mas acho que o melhor do filme é justamente esse exagero, olhando pelo lado do grande público, já que sempre que se dá esse ãngulo, todo mundo espera a mulher nas sombras, e as vezes não somos correspondidos. achei a atuação do Radcliffe válida, pois ao menos nos faz esquecer um pouco do Harry Potter, mas realmente, tirando isso, ele não se destaca, e soa estranho ver ele no papel de um viúvo. Acho que entre os clichês o filme encontrou um cantinho pra se desenvolver confortável, embora tenha achado a sequência final anticlimática, depois da sequência em que o protagonista passa a primeira noite na casa…
E até agora, ninguém sabe onde foi parar o cachorro que acompanhava ele.