Mesmo que pareça exagero, isso se levarmos em conta a enormidade de tudo que tem em cena, cada enquadramento de um filme (pelo menos na teoria) tem sim por intenção contar um pedacinho daquela história. A luz, o posicionamento da câmera, todos objetos de cena etc., estão ali para “dizer” algo (mais uma vez, pelo menos em teoria). Dito isso, então por que raios o personagem de Lima Duarte, em Assalto ao Banco Central, tem em sua mesa de trabalho um porta retrato com uma foto de si próprio?
E por mais que isso pareça algo como o “lendário” relógio de pulso na corrida de bigas de Ben-Hur, nesse caso o tal risonho e feliz retrato próprio dele está lá, durante uma sequência inteira, bem no chamado ponto de fuga (ali entre o meio da tela e o canto superior direito, lugar que, inconscientemente, é sempre o primeiro a ser notado). Talvez seja algum apelo freudiano (já que logo em seguida o ator continua seu monólogo enquanto encara um quadro do próprio “pai da psicanálise”). Talvez não.
O interessante disso é notar que, do mesmo jeito que o retrato de Lima Duarte pouco faz sentido dentro da cena, ele acaba sendo então uma amostra mais que contundente de que, em termos de sentido, Assalto ao Banco Central também não se atêm muito a isso.
Do mesmo jeito que o retrato está lá, provocando seu olhar, a trama sobre a operação feita por um grupo de criminosos que construiu um túnel por baixo de uma quadra inteira em Fortaleza, entraram no cofre do Banco Central e saíram de lá com 164 milhões, parece sofrer da mesma esquizofrenia de ter uma foto de si mesmo em sua mesa.
Dirigido por Marcos Paulo (em sua estreia nos cinemas) e escrito por Renê Belmonte (que roteirizou os dois Se Eu Fosse Você, além do igualmente esquizofrênico Sexo, Amor e Traição), Assalto ao Banco Central não faz a mínima ideia do que quer ser, e isso, para um filme, é sempre o caminha mais rápido para o desastre.
É difícil até decidir exatamente sobre o que é o filme, e que núcleo de personagens ele pretende desenvolver. Se hora Assalto ao Banco Central resolve tomar um caminho fora da linearidade com os acontecimentos antes, durante e depois da ação se misturando e criando esse emaranhado, por outro lado ele não consegue imprimir sequer um ritmo condizente com essas indas e vindas. É difícil entender qual a ligação entre os momentos, e mais ainda, qual a necessidade dessa pirotecnia temporal se, no fim das contas, não há um único momento surpreendente que faça as linhas temporais se cruzarem.
Pior ainda, durante toda a ação, a impressão que se tem é de que nada pode dar errado (e não só por ser um caso verídico no qual todos sabem o final), o que resulta então em um ritmo chato e arrastado. O estranho disso é tentar “ler nas entrelinhas” tudo que Assalto ao Banco Central poderia ser, mas não é. Se por um lado é fácil esperar um daqueles “filmes de roubos”, é igualmente possível que ele se tornasse um flashback a partir dos pontos de vista dos ladrões sendo interrogados, ou até de um filme de investigação, mas acabando por tentar ser tudo e, por fim, nada.
Enquanto a dupla de policiais vividos por Giulia Gam e Lima Duarte investiga o roubo, Assalto ao Banco Central, ao mesmo tempo, visita o passado com o planejamento do roubo e ainda escuta as próprias versões dos bandidos capturados, assim como, logicamente, um pouco de todo caminho até a ação e o roubo em si. A dupla de policiais parece não descobrir nada, os bandidos se juntam sem nem uma discussãozinha sequer (tá bom, uma!), o roubo é feito sem problemas, os interrogatórios correm sem nenhuma novidade e o espectador tem à sua disposição todas ferramentas para um bom sono.
É difícil acompanhar a trama como se ela então fosse mais que um monte de momentos esparsos e que, juntos, não formam muito a não ser um punhado de personagens perdidos no meio dela. Mais perdidos ainda diante de um roteiro pífio que se mostra inabalável na busca de uma quantidade enorme de frases de pára-choque de caminhão, como se cada um procurasse, desesperadamente, por seus cinco segundos de posteridade com uma frase de efeito.
O que torna tudo mais esquisito ainda é a capacidade da direção de Marcos Paulo em criar treze personagens nesse núcleo central sem deixar que nenhum desses seja minimamente crível. Diálogos burocráticos, ditos de modo correto e mecânico demais até para um teatrinho de escola fazem ainda com que ninguém no elenco inteiro seja digno de interesse, é fácil passar pelo filme inteiro e nem sequer conseguir apontar o dedo para um deles como protagonista da trama. E isso torna toda experiência mais desgastante ainda, já que o espectador não se importa com ninguém, não torce para ninguém, e já sabe o final de tudo.
Essa mão pesada de Marcos Paulo na hora de desenvolver seus personagens fica mais clara ainda quando ele se sujeita a saídas da prisão sem a mínima função narrativa, bandidos lendo revistas pornográficas e um momento vexatório onde, sem a menor razão do mundo, a história decide por criar o único aspecto da personalidade da policial vivida por Giulia Gam baseado em seu relacionamento homossexual estável (com direito a presença da esposa e um monte de ligações, sem perceber que isso não importa absolutamente nada para a trama).
Mas Assalto ao Banco Central acaba sendo mais desastroso ainda por, justamente, não conseguir fazer a única coisa que, talvez, pudesse se sobrepor a todos esses equívocos e cai, de cabeça, em um par (isso mesmo duas!) sequências de ação no filme inteiro. Uma com um caminhão cegonha, que como no resto do filme, não dá em lugar algum, e outra com a invasão de uma casa por um grupo de operações especiais, que não chegam nem perto do gatilho de nenhuma das armas, não tem sequer resistência de nenhum bandido e, por pouco, não matam o espectador, mas de tédio. E isso fica mais esquisito ainda se levado em conta que grande parte do filme é sobre a perseguição (que praticamente não acontece direito em nenhum momento) desses bandidos.
Com um elenco incrivelmente interessante e desperdiçado, Assalto ao Banco Central é triste e sem vida como o personagem de Lima Duarte, que tem uma foto sua na própria mesa (talvez eu agora tenha entendido a mensagem!) e, no final das contas, por mais que tente, não consiga fazer nada a não ser colocar um ponto final dessa história sem clímax com a impressão de que ainda falta uma peça para juntar tudo e, pelo menos, ver um resultado que faça sentido.
Assalto ao Banco Central (Brasil, 2011), escrito por Renê Belmonte, dirigido por Marcos Paulo, com Eriberto Leão, Hermila Guedes, Milhem Cortaz, Lima Duarte, Giulia Gam, Tonico Pereira, Fabio Lago, Heitor Martinez e Juliano Cazarré .
7 Comentários. Deixe novo
ashauashauashuashaush
a importância se dá quando esses detalhes aparecem e servem para compor a personalidade do personagem de modo sutil, quando isso acontece de modo forçado acaba parecendo algo preguiçoso e sem vida…
De fato o filme não é uma das melhores produções nacionais, com tantas falhas no mesmo, porque raios se dá tanta importância a detalhes como a fotografia do delegado na mesa ou até mesmo o quadro de Freud na sala do mesmo? Enfim, a verdade é que vi todo o filme e gostei, não dei importância as falhas vi que se esforçaram bastante para apresentarem um filme de ação mesmo não conseguindo alcançar este objetivo.
Adorei o filme. Uma interpretação perfeita da história veridica.
O pessoal mal educado, deveria aprender um pouco sobre cinema antes de comentarem.
Grande Filme!
Assiti ao filme, e que filme horrível, o crime é investigado só por um delegado e uma perita, coisa que não acontece na realidade das polícias, pois quem investiga são os agentes, embora os louros sejam para as autoridades. Esse filme deve ter sido feito as pressas para que ninguém lançasse antes um outro filme e por isso virou essa merda.
Nossa senhora! Assisti este filme ontem e peloamordedeus…!
Personagens ridículos, atuações horríveis, direção sofrível… É isso que concluí após assistí-lo.
Poderia ser um super filme, pois a história real é mto interessante, porém, infelizmente, pra mim foi apenas uma enorme perda de tempo…
Péssima articulação entre a trama e personagens. Fuga dos AUTOS. Preservaram os verdadeiros e grandes planejadores que estão nos mais altos escalões da política brasileira -desde a época de LULA, quando seu Min da Justiça começou um processo de ABAFAMENTO do poderosos dententores da empresa de segurança privada que gerenciava a vigilância do BACEN/FORTALEZA. Crime multidisciplinar: dependiam de plantas da prefeitura, governo (saneamento/canos de água), Engenharia com tecnologia a LASER, pois poderiam ter a ressonância de encontrar não só os empecilhos citados mais materiais rochosos. TOPOGRAFIA impecável. ACONDICIONAMENTO DO TÚNEL PARA QUE NÃO VIESSE A VIR ABAIXO POIS tratava-se de 84 m de comprimento com reforço, ar e comunicação. DIRECIONAMENTO exato ao local do cofre. Ninguém ouviu barulho???Havia desativação dos sensores e empilhadeiras empatavam as câmeras. Na data já se sabia que deveriam procurar a parte não seriada (3 toneladas e meia), deixando de lado os SERIADOS. COMO SABIAM? INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS.
A INTELIGÊNCIA DA CIVIL JÁ SABIA DO FURTO E NADA FEZ, pois naturalamente vira que a força do crime viria daqueles que tinham TECNOLOGIA de guerrilha do tipo que se aprende com FIDEL, Antigos chineses e vietnamitas (foi assim que derrotaram os americanos, construíam túneis minúsculos e os pegavam por trás). Hugo e as Farc já trocaram barris de 160 milhões de dólares na selva da colômbia cue o exército colombiano ajudado pelos americanos interceptaram os barris atolados de dólares. Na argentina usaram a mesma TECNOLOGIA, portanto é dedutível que mudam apenas os executores, masos INFORMADORES são os que se alinham com os velhos REVANCHISTAS que estão alinhando-se com comando de FIDEL(teórico) e utilzando facções criminosas, como já fizeram no passado. O objetivo é pelo capitalismo fazer a luta de classes. É apenas mudar 6 por meia dúzia. E é claro que usaram o PCC, ADA, 3C, CV e estes ainda não perceberam q foram deletados PELOS INESCRUPULOSOS RADICAIS ENRAIVECIDOS PTISTAS Q COMANDAM HOJE E SE VIGAM. Mas, sabem q não podem superar o capitalismo pela tradicional luta de classes. Portanto, Eles vão assumir a classe econômica e o poder com mecanismos muitos mais violentos do que o capitalismo tradicional. Quando os membros que executaram descubriram q foram delatados e enganados e viram q algo estava errado, pois era muito dinheiro, ficaram revoltados entre eles – as facções e contra as autoridades que tb deduziram q conduziram o planejamento. AMEAÇARAM VÁRIAS AUTORIDADES DE MORTE. O pior é q como era muito dinheiro policiais de SP E DE FORTALEZA COMEÇARAM A EXOTORQUIR OS EXECUTORES, INCLUSIVE DEIXANDO-S-OS LIVRES, E ALGUNS CONDENADOS SAÍAM DA CADEIA SÓ PARA ENTREGAR UMA PARTIZINHA EM TROCA DE PAZ PARA SUAS FAMÍLIAS. Vc acha que mais de 100 milhões nãos seriam recuperados se houvesse laços ligando uma a um. NÃO, executores não conhece intermediários, que nunca viram os QUE DETIVERARM E FORNECERAM AS INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS. Por isso têm aviões da PF SOBREVOANDO FORTALEZA,SP, RS, BSB desde 2007. Após o CHARLES DE MORAES, CONDENADO APARECER FORA DO PRESÍDIO NO BAIRRO DO VILA UNIÃO, PRÓXIMO AO SHOP. DAS MODAS E LOGO APÓS O TAL DE MINEIRO – AQUELE DO GORRO – ANDANDO LIVRE COMO UM PASSARINHO. O Cabrine fez um documentário falando do retrato do foragido. ORA, ELE SAIU DO MESMO PRÉDIO DO VILA UNIÃO, EM FORTALEZA. PF, a injustiça demora mais sai muito caro. Não poupem os guerrilheiros gerenciadores deste crime que INDIGINA E SUJA MAIS AINDA A IMAGEM FALSA QUE ESTES PTISTAS IMPÓEM AO POBRE BRASILEIRO. OS gaÚCHOS ESTÃO COM ESSA INCUMBÊNCIA DE ENCOBERTAMENTO – MJ(CARDOSO/DIRETOR-GERAL PF GAÚCHO/ SUPERINTENDENTE DA PF -GAÚCHO). Uma das maiores bases do PT: RS, RJ, CE. Lembrem-se foi na época que o LÚCIO ALCANTARA APOIADO POR TASSO JEREISSATI governava o Estado. Lúcio foi incompetente com seus comandados da SEG. PÚBLICA. Nesta época Tasso rompeu com lúcio. eis o porquê!