Bad Boys Para Sempre | Saudades do Michael Bay

Sentir saudades do Michael Bay é sempre algo curioso. Mas Bad Boys Para Sempre, terceiro filme da série dá vida ao ditado popular “ruim com ele, pior sem ele”. Mas isso não quer dizer que o filme seja ruim. Só falta algo.

O filme agora é dirigido pela dupla belga-marroquina, Adil & Bilall, que até entendem as necessidades visuais da franquia e se divertem com essa ideia, como quando a dupla de protagonistas sai do carro e a câmera em slow motion rodeia a situação, mas a cena vira uma piada envolvendo um hidrante e o espectador vai dar risada e pensar “hmmm… tem algo realmente faltando aí”.

Esse novo Bad Boys é escrito pelo trio Chris Bremmer, Peter Craig e Joe Carnahan, ambos com experiência de sobra no gênero, mas acabam tendo que lidar com a responsabilidade de fazer algo novo, puxar para uma sátira da própria franquia e não esquecer da ação. Portanto, não se preocupe com a trama, essa fica em segundo plano e está lá só para empurrar uma surpresa que tem cara de desculpa para propor o filme em uma primeira reunião de produção e fazer todo mundo se interessar pela trama.

No filme, os detetives de Miami, Mike e Marcus (Will Smith e Martin Lawrence) precisam lidar com o surgimento de um bandido misterioso que parece estar em uma jornada de vingança que passa por um atentado ao próprio Mike. Marcus continua com a ideia de “velho demais para o serviço” e uma possível aposentadoria, que pouco importa para o próprio filme, a não ser para deixar Smith mais solto (e solo) para ser um herói de ação.

Há ainda no meio desse fiapo de trama a criação de um grupo de investigação meio hi-tech que conta com jovens cheios de vitalidade e que irão ser um contraste para o jeitão “old school” da dupla de protagonistas. Vanessa Hudgens cumpre seu papel de casca grossa, Charles Melton (da série Riverdale) está lá para ser macho e Alexander Ludwig (de Vikings) serve de alívio cômico em uma piada que, mesmo recorrente, acaba funcionando bem.

E é isso, Bad Boys Para Sempre é cheio de piadas que funcionam bem. Mike e Marcus tem ótimos diálogos e bons momentos, continuam conversando no meio das cenas de ação e grande parte da diversão da franquia vem dessa ideia. Mas isso não seria suficiente para que a série tivesse todo esse sucesso, era a cara de pau de Michael Bay que cumpria o resto do necessário.

Bay não tinha limites para suas cenas de ação, com muito menos experiência, Adil & Bilall não parecem se permitir ir nesse limite. A dupla de diretores parece ter bom senso, Michael Bay nunca teve, e em certos momentos isso ajudava em seu cinema espalhafatoso. Se em Transformers isso era um defeito e tornava tudo complicado de ver, em Bad Boys era a fonte do ritmo frenético, com a montagem picotada, corpos voando, tiros para todos os lados e muito (mas muito!) exagero.

Mas para o deleite dos fãs, a química da dupla continua funcionando. Bad Boys continua sendo a cópia mais bem-sucedida de Máquina Mórtifera e, mesmo com os “bad boys não sendo mais tão boys”, como um personagem lembra, o filme ainda é um divertimento acertado para quem busca um filme de ação sem o mínimo de esforço intelectual.

E pelo “andar da carruagem” (ou “acelerar dos motores”), a franquia não parece perto de se despedir dos cinemas e já ensaia uma sequência à la Velozes e Furiosos, sem muito sentido, mas sempre encontrando um jeito de acrescentar personagens nesse grupo de heróis com cenas de ação ainda maiores e, se tudo der certo, ainda menos bom senso. Talvez assim, suma aquele sentimento de que está faltando algo e ninguém mais precise ter saudades do Michael Bay.


“Bad Boys for Life” (EUA, 2020), escrito por Chris Bremmer, Peter Craig e Joe Carnahan, dirigido por Adil e Bilall, com Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Charles Melton, Paola Nuñez, Kate del Catillo, Jacob Scipio e Joe Pantoliano.


Trailer do Filme – Bad Boy Para Sempre

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