Produzido por James Wan – responsável pelos excepcionais Jogos Mortais, Sobrenatural e Invocação do Mal, entre outros -, A Casa dos Mortos é mais um terror genérico que, infelizmente, não faz jus ao currículo de seu renomado produtor. Claramente, o filme tem como grande objetivo servir como opção de “contraprogramação” (filmes lançados com gênero diametralmente oposto ao que está dominando as bilheterias no momento) para servir de alternativa para aqueles que não querem ver Cinquenta Tons de Cinza.
Partindo de uma premissa surpreendentemente interessante, somos apresentados a John (Dustin Milligan), um jovem que está sendo atormentado por visões de sua mãe em uma casa onde ocorrem múltiplos assassinatos. Em busca de ajuda, o jovem, através de sua namorada (Cody Horn), entra em contato com um grupo de jovens especialistas no oculto. E eles, então, partem para uma sessão de comunicação com os mortos na já citada casa. Em paralelo, acompanhamos o detetive Mark Lewis (Frank Grillo) que está investigando o que ocorreu na casa, uma semana depois, após os eventos da sessão feita pelos jovens não terem dado muito certo.
As tramas em paralelo têm enorme potencial e, de fato, a princípio, prendem a atenção do espectador. Entretanto, o grande problema reside no fraco – quase amador – elenco. Sempre que o filme se apóia em algum dos personagem para entregar algo ao espectador, o resultado falha miseravelmente, pois o peso do que acontece na tela nunca é transmitido com a intensidade devida.
E ainda que a trama seja promissora, o filme se entrega rapidamente aos sustos baratos na segunda metade enfraquecendo o pouco que havia de bom para ser explorado. Note como os filmes do próprio Wan raramente apelavam para figuras aparecendo repentinamente na tela, se esforçando sempre para assustar através da construção das cenas e de uma trilha impactante e igualmente assustadora. Aqui isso pouco acontece e a trilha em si não poderia ser mais cliché. Além disso, o diretor Will Canon faz uso ad nauseam dos sustos criados com picos de volume (isto é, quando um barulho ensurdecedor aparece de repente para surpreender e espantar o público). Tudo isso deixa evidente que o envolvimente de Wan verdadeiramente nunca foi além de seu nome nos cartazes do filme.
Por fim, o longa até tenta sair do lugar-comum com detalhes como o policial não-idiota que chama reforços na primeira oportunidade que tem. Ou ainda ao tentar criar uma grande reviravolta no terceiro ato. Infelizmente, até isso é mal executado e a “surpresa” é telegrafada ao espectador muito tempo antes de ocorrer.
Assim, A Casa dos Mortos cumpre apenas aquilo para o que foi feita, servir de contraprogramação. Portanto, não se surpreenda se, assim que sair do cinema, já tiver se esquecido de tudo que foi visto.
Ficha técnica
“Demonic” (EUA, 2015), escrito por James Wan, Will Canon, Doug Simon e Max La Bella, dirigido por Will Canon, com Maria Bello, Frank Grillo, Cody Horn, Dustin Miligan, Megan Park, Scott Mechlowicz e Aaron Yoo.