– Shhh. O filme vai começar!
– Desculpa, é que…
– Só fica quietinho aí.
– Foi mal, me atrapalhei aqui com a pipoca, o refrigerante e…
– Tá bom, tá bom!
(…)
– Eita!
– Que foi?
– Esse cara, que louco.
– …
– Nossa, que ignorante.
– Eu?
– Aham, você!
– Por quê?
– Porque me deixou falando sozinho.
– Não, é que eu tô tentando prestar atenção.
– Ah, entendi. O filme é mais importante.
– Não, não é isso. É que se a gente ficar aqui conversando o tempo todo eu não entendo nada. Te falei que esse filme é complicado.
– Sei…
– Sério, e fala baixo.
– Tá bom.
(…)
– Ué…
– Que foi?
– Esse não é aquele super-herói?
– É ele sim.
– Mas e por que ele não fez nada agora?
– Porque esse é outro filme, oras.
– Ah, verdade.
– Tá me zoando?
– Não, por quê?
– Pergunta besta, sem sentido. Presta atenção no filme, cacete!
– Ah, amor, me dá um beijo aqui, dá!
– Não é hora disso! Depois você reclama que eu não gosto de ver filme contigo.
– Nossa, que chata, hein?
– Fica quieto, quero entender essa merda!
(…)
– Ué…
– Fala, que foi?
– O que ela tá fazendo aí?
– Ela tava escondida e…
– Escondida? Como assim, ela não morreu?
– Não!
– Claro que morreu, tomou dois tiros…
– Você dormiu uns vinte minutos e perdeu tudo. Tava escondida e foi tudo uma armação com o amante. Ela não é vítima, é vilã!
– Tá brincando?
– Não. Você é que não entendeu o filme.
– Credo, isso é jeito de falar?
– Contigo tem que ser assim. Toda vez isso, não venho mais.
– Desculpa. Mas, não acredito que ela não morreu, que sacanagem!
– Sacanagem é eu perder o filme te explicando…
– Como assim?
– Nada não. Vâmo embora? Tá chato, né?
– Tá sim. Bora. Eu pago o lanche!