Mesmo começando com aquela impressão de thriller de espionagem, em pouco minutos Controle Absoluto acaba se mostrando um exercício raso e uma critica chinfrim que não faz ninguém pensar sobre o assunto.
Na trama, um “operador de fotocopiadora”, após descobrir a morte do irmão gêmeo, acaba sendo acusado de terrorismo e vê toda situação manipulada por uma voz eletrônica que parece controlar tudo a sua volta, mas que, no fim, indica ter um plano complexo para ele e para o país.
Depois que essa primeira impressão (resultando do trailer bacana) se esvai, o que sobra é um filme que a cada momento parece mais e mais rumar para um lugar comum irritante, com um herói com problema na família, uma intriga dentro do governo e uma troca de identidade. Além, é claro, da mãe solteira que o acompanha em toda aventura e que faria qualquer coisa pelo filho ameaçado pela mesma voz misteriosa. Nada de novo e muito menos de interessante.
E se pelo menos a direção de D.J. Caruso conseguisse focar melhor a atenção em torno do que está acontecendo, talvez assim Controle Absoluto tivesse um resultado mais satisfatório, mas o que acaba acontecendo são perseguições embaralhadas (principalmente por só conseguir imprimir a ação graças a uma montagem à jato) e um volume ensurdecedor saído das caixas de som do cinema, deixando tudo mais difícil ainda de ser entendido. Um tipo de filme que parece se sustentar em uma correria atrás de outra, mas que, ao mesmo tempo, demora para chegar em qualquer lugar e acabando por se tornar lento e chato.
Uma tentativa de explicar pouco e criar uma situação tensa, ainda deixa o espectador perdido demais dentro da trama e, infelizmente para o próprio filme, cria expectativa exagerada por uma resolução fantástica, mas que acaba se mostrando por demais fraca e desinteressante.
Se isso não bastasse, ainda por cima resolve criar um “felizes para sempre” longe do que o filme parecia pedir, decepcionando quem ainda tinha esperanças de algo bacana no fim das contas. Como uma obrigação de mostrar que os Estados Unidos conseguem resolver tudo, sem esquecer de criar seus devidos heróis em um ufanismo quase acerebrado que parece não se preocupar com qualquer linha narrativa para atingir esse orgulho exacerbado da nação.
Talvez o mais legal de Controle Absoluto não resida em nenhuma de suas qualidades (que devo dizer são poucas), mas sim na salada cyber terrorista que o roteiro parece não ter vergonha de esfregar na cara dos espectadores, criando um hall 9000 viciado em Orkut que cria O Dia em em que o Google Dominou o Mundo. Um enredo sensacional que ganharia vida na mão de algum cineasta “Trash” (no bom sentido), mas que vira algo “Trash” (no mal sentido) nas mão de um cineasta que resolve levar tudo a sério.
Eagle Eye (EUA/Ale, 2008) escrito por John Glenn, Travis Wright, Hillary Seitz e Dan McDermont, dirigido por D.J. Caruso, com Shia LaBeoulf, Michelle Monaghan, Rosario Dawson, Michael Chiklis e Billy Bob Thorton
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[…] que se vê ali é um diretor, D.J. Caruso (de Eu Sou o Número Quatro, Paranoia e Controle Absoluto), não levando absolutamente nada a série e apenas deixando as câmera ligada enquanto um roteiro […]