Seria impossível falar de Dezesseis Luas sem nem ao menos citar a Saga Crepúsculo. Primeiro, pelo ponto de partida extremamente semelhante de uma cidade pequena e um amor entre dois jovens, sendo um saído de algum filme de terror (sai o Dezesseis Luas Filmevampiro e entra uma espécie de bruxa). Segundo, por ser extraído também de uma série de livros (o primeiro lançado em 2008, justamente um ano depois do fim da história de Bella).

Mas também existe um terceiro ponto, e que vai deixar tanto o “Team Edward” quanto o “Team Jacob” bem chateados: a qualidade. Em uma óbvia busca por se distanciar da famosa saga, Dezesseis Luas acaba chegando muito mais perto de funcionar do que qualquer segundo de qualquer um dos quatro Crepúsculos conseguiu chegar.

É lógico também que tudo ali esbarra naquela famosa preguiça narrativa já que o espectador (na verdade um público alvo específico) já foi conquistado no segundo em que o protagonista bateu os olhos apaixonados em seu amor. O que permite que todo resto seja uma trama embolado e rocambolesco que pouco se importa em fazer algo meramente diferente, se jogando com tudo em um mar de clichês e situações óbvias. Mas esse parece ser um defeito, talvez característica, dessa espécie de gênero que parece se formar.

A sorte de Dezesseis Luas é que isso tudo quase não incomoda, principalmente diante de personagens simpáticos e que se não tem as melhores motivações, pelo menos, são bem carregados pela trama e não sofrem de falta de importância. Diferente do Crepúsculo, em que o pai da protagonista não tem absolutamente nenhuma relevância e mesmo assim dá as caras em meia dúzia de sequências, aqui, o pai de Ethan (Alden Ehrenreich, aquele mesmo de Tetro, último filme de Martin Scorsese), que como não tem importância, nem ao menos aparece. Um defeito que é solucionado de modo até divertido, já que cria um pai tão ausente, mas tão ausente, que nem ao menos aparece no filme.

Dezesseis Luas então vive por esse tipo de exagero onde a prima da protagonista é tão má, mas tão má (já que ao chegar aos dezesseis anos acabou sendo “chamada” por uma espécie de “lado negro” da magia) que chega à cidade dirigindo um carro vermelho, mata um policial, seduz o namorado da prima e acaba com um jantar em família. Um esforço bem claro para mostrar a todos o que será da Lena Duhannes (Alice Englert) caso ela seja “escolhida” pelos poderes escuros, já que está perto de completar a idade em que ocorre a mudança.

Dezesseis Luas Filme

De modo simples e objetivo, o filme então é sobre essa transformação (que aparentemente faz os olhos das escolhidas do mal ganharem uma maquiagem carregada em sombra e delineador) e ainda uma maldição secular que pretende impedir o amor entre Lena e Ethan, mas isso, por mais que movimente a narrativa e dite a conclusão, quase não consegue se misturar com a trama principal. Ou melhor, se mistura, mas sempre deixando uma sensação forçada, como se estivesse em busca de uma provação para o romance dos dois, maior do que simplesmente ele não poder entrar no mundo desses “bruxos”. Que é exatamente uma óbvia tentativa de se distanciar da trama de Stephanie Meyers.

Dezesseis Luas ainda pode se considerar coroado pela presença de três gigantes do cinema, Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson. Mas por outro lado, só pode se orgulhar do trabalho da última, que tem a oportunidade de mudar o clima da personagem, exagerar, ser sutil, vilã clássica e ainda religiosa fanática, tudo na maior naturalidade de uma das maiores estrelas do cinema. Já do outro lado, em papeis muito menos emblemáticos e desafiadores, a dupla faz bem apenas o suficiente para conseguirem pagar os aluguéis no final do mês.

Mas mais importante do qualquer coisa, Dezesseis Luas termina. Lógico que deixa espaço para dezessete, dezoito ou dezenove luas, mas não perde um segundo sequer pensando no futuro, quem está ali tem função, funciona e termina o filme com sensação de dever cumprido dentro da trama. E caso os cinemas não ouçam mais falar de mais um monte de luas, umas história foi contada, assim como também não fará muita falta, e nisso, Dezesseis Luas não consegue fugir de ser bem parecido com a Saga Crepúsculo.


Beautiful Creatures(EUA, 2012) escrito por Richard LaGravenese e Kami Garcia & Margaret Stohl (livro), dirigido por Richard LaGravenese, com Alden Ehrenich, Alice Anglert, Jeremy Irons, Viola Davis, Emmy Rossum, Thomas Mann e Emma Thompson.


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