Efeito Dominó | Sem expectativas

Se em dez minutos de Efeito Dominó você ainda estiver interessado na centena de minutos que se sucedem, talvez assim consiga se divertir com essa razoável produção britânica, pois tudo que vem depois é exatamente aquilo que esses dez minutos vendem para os espectadores.

Pelo menos, o filme dirigido por Roger Donaldson não parece se propor a muito mais que isso, baixando as expectativas e com isso até surpreendendo em certos pontos àqueles que esperam um filme sobre um roubo a banco mais pasteurizado. Na verdade, o que se vê é um filme sobre o depois do assalto, mesmo ele tomando a maior parte do filme e nele sendo centralizada a ação do filme. Uma faca de dois gumes, pois acaba não agradando a nenhum dos dois lados.

Nem a ação do roubo empolga, muito menos o pós roubo é criativo o suficiente para surpreender e prender a atenção. Na maior parte do tempo, o espectador fica apenas a espera da grande virada do filme, ou daquele ponto que transformará a trama inteira, mas que não acontece. Como uma montanha-russa sem subidas. Tedioso. Reto demais.

O roteiro da dupla Dick Clemete e Ian La Frenais ainda tenta criar um conflito pessoal para os personagens principais, mas acaba dando em menos ainda, criando algo superficial, e que, por fim, acaba atrapalhando o andamento do filme, com a obrigatoriedade de fechar essas pontas soltas, deixando ainda mais lento o final de tudo.

Esse mesmo lado pessoal, que persegue Terry Leather (Jason Stathan), tanto no suposto triangulo amoroso, quanto na preocupação com a família, afim de criar uma profunidade maior para o personagem, é o mesmo que o atrapalha. O ator inglês é obrigado a passar por momentos muito mais dramáticos que seus personagens canastrões casca-duras que, batem antes de perguntar qualquer coisa para qualquer um, estão acostumados, dando menos credibilidade ainda para toda situação.

 Ainda com a direção objetiva de Donaldson, com um ótimo controle de cena e uma câmera que pouco se movimenta, mas que centraliza a ação, Efeito Dominó decepciona na maioria dos pontos, lento demais e só empolga de verdade em uma única sequencia envolvendo um rádio amador, coisa que acaba sendo muito pouco em comparação ao resto do tempo. Além de não consegue conviver com todas tramas paralelas e muito menos com os personagens espalhados por elas, deixando tudo escapar por entre seus dedos, parecendo ter pouco importância.

Na sua parte final, talvez tentando angariar algum último espectador de seu marasmo, Efeito Dominó acaba tomando um rumo pouco dramático e violento demais (que muita gente vai achar previsível), mas isso tudo se alguém ainda estiver acordado e interessado até esse ponto.


The Bank Job” (Eng, 2008) escrito por Dick Clement e Ian La Frenais, dirigido por Roger Donaldson, com Jason Stathan, Saffron Burrows e Richard Lintern


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1 Comentário. Deixe novo

  • Olha, discordo plenamente de sua crítica. Achei esse filme muito bom, com várias cenas onde o espectador fica querendo saber qual a melhor alternativa a se escolher e qual vai ser a escolhida. Além do mais, o filme tem inspirações em um fato real, o que o torna ainda mais instigante.

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