Peter Sullivan tem 28 filmes em seu currículo de diretor. Apenas outros três além de Encontro Fatal não são daquele tipo “direto para a TV”… por mais que esse também seja, já que é uma produção da Netflix e ela não teria a coragem (ou ousadia) de colocar um desastre desses em uma tela grande.
Mas voltando a Sullivan, sua filmografia ainda inclui nove filmes que, ou tem “Natal” no nome, ou contam uma história sobre o feriado de dezembro, assim como também você irá encontrar títulos como A Ressureição do Anticristo, Exorcismo Adolescente e a pérola O Cachorro que Salvou o Halloween. Portanto, você poderia esperar qualquer coisa em seu Encontro Fatal, até ele ser uma cópia malfadada de uma outra dezena de filmes com “fatal” no nome, incluindo Atração Fatal, aquele de 1987 com Glenn Close e Michael Douglas.
Tudo isso é uma grande enrolação para não ter que falar sobre Encontro Fatal, mas agora não tem mais como fugir. O filme lembra bastante esse clássico de 1987, mas sem emular absolutamente nenhuma de suas qualidades. Aqui, Nia Long vive uma advogada que está em busca de um novo momento na vida de sua família, indo então morara em uma bela casa de praia com seu marido (Stephen Bishop).
Esse “paraíso” é quebrado quando ela encontra um antigo amigo da faculdade, David (Omar Epps), os dois tem uma noite “meio” tórrida e ele acaba se tornando obcecado por ela. O resto você deve imaginar. Agora tire toda emoção, suspense e sensualidade de tudo que você imaginou e você terá Encontro Fatal.
Tudo no filme de Sullivan é genérico ou equivocado. A começar por Omar Epps não ser um galã nem por um segundo sequer, seu personagem é montado através da ideia de que alguém que não tem charme algum pode se tornar um conquistar violento e assassino. Epps é tão canastrão quanto o resto do filme, portanto, acaba se encaixando bem dentro de todo o desastre.
Já a Ellie de Nia Long não tem força, toma um baile do cara e, mesmo sendo construída como alguém inteligente e sem medo, não consegue sair de uma situação tão facilmente resolvível com uma conversa franca, que fica difícil acreditar no resto do roteiro. É lógico que essa “conveniência narrativa” é quase uma obrigação desse gênero de filmes que envolvem um suspense com uma traição e uma maluco(a) psicopata, mas aqui tudo é tão brega e óbvio que seria impossível que todos personagens não lidassem melhor com toda crise.
E quando o foco do filme precisa sair da protagonista para acompanhar uma sessão de terapia do vilão, cheia de diálogos expositivos, você começa a desconfiar que o roteiro escrito em seis mãos por Sullivan, Rasheda Garner e Jeffrey Schenck tem a mais absoluta certeza que seus espectadores são tão estúpidos quanto seus personagens.
Não muita gente deve ter visto os 29 filmes de Peter Sullivan, ou se viram, esqueceram, assim como os detalhes embaçados daquele Natal onde você ganhou um presente ruim. Encontro Fatal é tão ruim quanto ganhar meias no amigo secreto.
“Fatal Affair” (EUA, 2020); escrito por Peter Sullivan, Rasheeda Garner e Jeffrey Schenck; dirigido por Peter Sullivan; com Nia Long, Omar Epps, Stephen Bishop, Aubrey Cleland e Maya Stojan