Quando foi lançado em 2017, Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola levou muitos fãs do Danilo Gentili aos cinemas e arrecadou uma bilheteria de quase dois milhões de dólares. Entre esses fãs, estavam pessoas relevantes no atual cenário político brasileiro e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Entre eles, o pastor Marco Feliciano.
“Parabéns Danilo Gentili – há tempos não ria tanto”, chegou a publicar o então deputado federal em seu perfil no Twitter.
Porém, na última semana, o jogo virou e quem sempre apoiou a postura “anti-politicamente correta” do Danilo Gentili começou a criticar o filme e promover um boicote à Netflix, que colocou o longa em seu catálogo recentemente. O próprio Marco Feliciano precisou vir à público dizer que talvez tenha se levantado para atender o telefone, coincidentemente, na hora em que uma cena polêmica teria passado no cinema.
A cena em questão é um momento em que Fabio Porchat, interpretando um homem com sérios problemas sexuais, faz uma proposta criminosa aos dois protagonistas adolescentes para se livrarem de um problema. No desfecho da cena, eles se defendem agredindo o pedófilo e fugindo da situação.
O filme é cheio de piadas problemáticas e momentos controversos, principalmente pela eterna busca do Danilo Gentili de agredir o maior número de pessoas possível. Porém, essa cena é uma crítica clara ao falso moralismo que rodeia todo o personagem interpretado por Porchat e boa parte desses que, hoje, acusam o filme de incentivar a pedofilia, mas adoraram as piadas politicamente incorretas em 2017.
Toda a ofensiva contra Danilo Gentili parece não ser muito mais do que puro revanchismo político. Já que o comediante apoiou a eleição do presidente Jair Bolsonaro e, atualmente, se tornou um crítico do governo, mesmo concordando com a maioria de suas pautas. E isso fica claro quando olhamos para a postura de membros do governo.
“Assim que tomei conhecimento dos detalhes asquerosos Como Se Tornar O Pior Aluno Da Escola, atualmente em exibição na Netflix, determinei imediatamente que os vários setores do Ministério da Justiça adotem as providências cabíveis para o caso”, publicou o Ministro da Justiça Anderson Torres.
O secretário especial de cultura Mario Frias, fiel defensor do presidente, apoiou o ministro nas redes sociais. Carla Zambelli e dezenas de perfis conservadores também apoiaram o Ministro da Justiça em sua ofensiva.
Em suas redes sociais, Danilo Gentili, que também é roteirista do longa, se limitou a uma resposta genérica sobre como ele conseguiu ofender bolsonaristas e petistas ao longo de sua carreira.