Curiosamente para muita gente, Força Bruta: Punição parecerá algo novo e original, mas não é só Hollywood que sofre com suas continuações que não acabam mais: é a quarta vez que o detetive Ma Seok-do volta às telas de cinema, já se preparando para uma quinta vez em 2026. E não se enganem, juntando todos os filmes, são mais de US$300 milhões nas bilheterias no país e um pouquinho de fora.
A outra curiosidade é que todos os filmes são supostamente inspirados em casos reais da Coreia e até o protagonista parece vir de um policial real. Mas no filme, Ma Seok-do é interpretado pelo simpático Ma Dong-seok, aquele mesmo de Invasão Zumbi e Eternos. E assim como nesses dois filmes, o protagonista é representado por sua força… bruta, como o título brasileiro “vende” a ideia.
Mas não se engane, mesmo com o primeiro filme sendo de 2017, Força Bruta poderia estar estreando uns 40 anos atrás, e isso é um elogio. Para os mais velhos, seria perfeito ainda que o policial coreado fosse interpretado pelo italiano Bud Spencer. Sim, quem reconheceu o nome vai entender o “espírito de Força Bruta”.
É lógico que em certo momento o filme precisa ser menos pastelão para “falar sério” e ter uma cenas de luta mais realisticamente violentas, mas no resto do tempo o clima bem humorado ganhará os espectadores junto dos socos que fazem os vilões voarem e até um ou outro tapa muito bem dado.
Também é óbvio que três filmes depois da ideia inicial um certo desgaste formuláico fique claro na trama e tudo soe meio cansado e repetitivo, mas, ainda assim, sua simplicidade funciona. Essa história que envolve uma rede de cassinos virtuais e um chefão do crime meio excêntrico que está ganhando milhões através de um esquema nas Filipinas que envolve ainda um mercenário meio psicopata que fica bravo e vai até a Coreia tirar satisfação.
É então que a equipe de Ma Seok-do entra nessa investigação para empilhar absolutamente todos clichês do gênero, mas com seu protagonista parecendo ter algum tipo de força extraordinária, um senso moral maior do que ela e um monte de capangas dos dois vilões para apanharem.
Portanto, não se preocupe muito com qualquer ideia mais complexa do roteiro ou motivação, tudo está lá apenas para servir de desculpa para um punhado de boas cenas de luta e um desfile de personagens carismáticos em situações divertidas. Tudo que o gênero (e os fãs) mais adoram.
Os fãs também adorarão o elenco, principalmente a dupla de adversários Ma Dong-seok e Kim Mu-yeol (o tal psicopata das Filipinas). O policial é bonachão, cheio de ótimas intenções e uma esperteza que atravessa sua simpatia. O vilão é “muito vilão”, frio, violento e pronto para matar todo mundo do elenco. Os dois se trombam pouco no filme, exclusivamente para se espancarem, mas ambos funcionam absolutamente bem em seus “protagonismos”.
E melhor que tudo isso, entendem as intenções do filme e equilibram bem esses dois lados, o violento e (meio) realista, e aquele que parece não se levar a sério. Misturando tudo, Força Bruta: Punição se torna essa experiência simples e inocente, mas que faz todo esforço possível para que isso tudo esteja lá para servir de subterfúgio para toda porradaria.
Então aproveite Força Bruta e se curtir, pelo menos você terá mais três outros filmes para ver e logo mais um novo para divertir quem tem saudades de um filme policial clássico cheio de ação e bandidos apanhando.
“Beomjoidosi 4” (Cor, 2024); escrito por Oh Sang-ho; dirigido por Heo Myeong-haeng; com Ma Dong-seok, Kim Mu-yeol, Park Ji-hwan, Lee Dong-hwi, Lee Beom-su, Park Bo-Kyung, Hyun Bong-sik, Bar Hae-sun, Jeong in-gi e Know Il-Yong