Talvez você não saiba quem é Brian A. Miller, e não está perdendo absolutamente nada. Mas é curioso ver como um diretor tão ruim continua não só trabalhando em Hollywood, como fazendo coisas como Fração de Segundo e outras porcarias monumentais, mas com gente famosa na ponta do elenco, o que lhe dá algum público. Coitados desses enganados.
O diretor tem nove filmes assinados em 10 anos de carreira, Fração de Segundo é o quarto estrelado por Bruce Willis, mas acredite, você não ouviu falar nos outros. Em comum entre todos os nove, é a presença de um cara bravo segurando uma arma em todas imagens de divulgação, de Stephen Dorf até Sylvester Stallone, passando por Dave Bautista e até 50 Cent. Aparentemente Miller tem bons contatos, assim como grandes estrelas de Hollywood continuam tendo que pagar aluguel.
Fração de Segundo ainda conta com Michael Chiklis, que um dia já foi uma estrela na série The Shield, em um papel impecável, depois disso passou vergonha como o Coisa nos dois filmes do Quarteto Fantástico entre um monte de papeis que ninguém se lembra. Agora ele vive Frank, um especialista em abrir cofres, que participa de um roubo que acaba dando errado, o que faz com ele comece a ser perseguido pelo seu contratante, Rex (Willis).
Ainda tem um fiapo frágil de trama em Fração de Segundo, mas não importa muito, já que Miller só quer mesmo é repetir uma cena onde ocorre um tiroteio na porta do tal banco assaltado. Você verá a mesma cena quatro vezes, e se pensou em Roshomon, não crie expectativa, tudo só é repetido mesmo, sem diferentes pontos de vista.
Se essa cena é ruim, sem emoção e nem um pingo de controle visual, todo o resto é pior ainda. Os tiros voam para qualquer lugar, é difícil saber onde está cada lado do tiroteio, e muito menos imaginar que aqueles caras irão se acertar em algum momento. Tremendo desperdício de balas, desperdício maior ainda do tempo do espectador.
O roteiro escrito por Kelvin Mao e Jeff Jingle não tem nada em mãos, a história é rasteira, não consegue montar uma estrutura que se sustente por muito mais que um média metragem, portanto, fica por ai repetindo os acontecimentos. Em certo momento o filme simplesmente passa a acompanhar uma reportagem com cenas repetitivas e em uma língua que parece ser alemão, mas como a TV está sendo vista na Argentina por uma personagem que você não sabe quem é, a repetição é o menor dos problemas.
A dupla de roteiristas ainda acredita que tem uma surpresa incrível em mãos… não têm. Muito pelo contrário, a única vontade é de destruir a TV o mais rápido possível e esquecer que viu esse desastre.
Já o Bruce Willis, o roteiro é tão cheio de frases ruins, que na boca dele fica parecendo até que ele fez um bom trabalho com o pouquíssimo material que tem em mãos. Não fez, mas pelo menos conseguiu pagar o aluguel do mês sem muito esforço, trabalhando em dois cenários e sem nem precisar suar o terno.
“10 Minutes Gone” (Can/EUA, 2019); escrito por Kelvin Mao e Jeff Jingle; dirigido por Brian A. Miller; com Bruce Willis, Michael Chiklis, Meadow Williams, Kyle Schmid, Texas Battle, Lydia Hull e Swen Temmel