G20 | Cripto moedas, Viola Davis e Duro de Matar

Se alguém conhece algum filme que tem mais remakes que Duro de Matar, eu não conheço. São dezenas de bandidos que resolvem sequestrar um bando de gente sem saber que um dos seus reféns é alguém altamente treinado em alguma força especial ou “tem experiência de tira”. Depois do Nakatomi Plaza e suas sequências você já viu a mesma história em trens, porta-aviões, duas vezes na Casa Branca, em Londres, diversos prédios e reuniões sem tanto interesse e marca… enfim, é só meter a mão nesse saco e você irá tirar uma refilmagem. Agora é hora do G20.

Sim, aquele G20 lá das dezenove maiores economias do mundo, mas isso não importa, o que importa é os Estados Unidos da América (toca vinheta com o hino deles e uma bandeira azul e vermelha tremulando ao fundo). É lógico que pelo filme ser uma produção da Prime Video, o foco ser nos americanos é algo esperado. Mas a gente sempre tem a esperança de algo diferente, mesmo logo descobrindo que tudo vai ser igual. Mas aí você já está dentro do filme e se diverte.

Enquanto o vilão vivido por Antony Starr está perseguindo uma pessoa aleatória com uma carteira de cripto moedas com uma telinha onde aparece os valores da conta (que eu não sei se isso existe… mas não importa), do outro lado, muito mais movimentado, Viola Davis é a presidente Danielle Sutton e de madrugada tem que lidar com a rebeldia da filha, horas depois apresenta um plano para acabar com a fome do mundo usando (também) cripto moedas, treina judô, lembra que foi para a guerra, experimenta um vestido, reclama do salto alto e vai com a família para a reunião do G20 na Cidade do Cabo em um hotel intransponível.

Mas “intransponível” é uma palavra que não combina com filmes de ação vagabundos. A responsabilidade com a diversão do espectador é sempre muito maior do que qualquer credibilidade ou suspensão de descrença.

A direção de Patricia Riggen com o roteiro de Caitlin Parrish, Erica Weiss, Logan e Noah Miller é apenas mais uma tentativa de contar a mesma história de dezenas de outros filmes, talvez pequem um pouco em demorar demais para colocar Viola Davis (mais “em forma” impossível!) descendo porrada em um bando de vilões, mas isso não chega a ser um problema, afinal a frase anterior (a dela agredindo bandidos) faz o filme valer o tempo perdido.

Principalmente, pois as ideias do vilão são tão estapafúrdias e sem sentido, se contradizendo em tantos momentos que você pouco se importa com o que o vilão está falando. Ele fala algo sobre a ética das guerras e os soldados abandonados, mas logo depois enfia umas cripto moedas em algum lugar e uma IA que reproduz os líderes do G20 falando absurdos que é difícil acreditar que um plano desses pudesse dar certo e as pessoas na internet fossem acreditar em qualquer coisa… (*risos nervosos*)

Mas eis que surge sempre a Viola Davis com seus brações trincados e sua vontade de ser a melhor presidente dos Estados Unidos da história de Hollywoood. Harrison Ford já lutou contra uns terroristas no seu avião. Jamie Foxx não conseguiria sobreviver sem a ajuda do Channin Tatum. Morgan Freeman já ficou esperando o meteoro chegar e viu Gerard Butler salvar sua pele em uma invasão à Casa Branca. Mas Davis mata, soca, esfaqueia, arremessa e atira em um monte de gente má e altamente treinada que, minutos antes, tinha sido escolhida para sua segurança.

Tudo bem, a gente tem o Bill Pullman matando alienígenas em seu caça, mas ele é “hors concours”, não entra na disputa e a Viola Davis continua na ponta dessa competição!

As cenas de ação e luta também não são empolgantes, mas praticamente nenhum “remake do Duro de Matar” faz isso, nem as próprias continuações dele. Então é impossível cobrar o filme disso, ainda que, sem medo de tornar tudo repetitivo, quando a Viola Davis está em cena, até as sequências menos interessantes passam a valer a pena. Do outro lado, gritando loucamente em um punhado de momentos histéricos, Antony Starr (o Homelander do The Boys) também faz um ou outro momento valer a pena, mesmo ninguém entendendo nada do que ele quer mesmo.

Então, reclamar de G20 simplesmente porque ele é igual a dezenas de coisas é simplesmente o caminho mais curto para um lugar de preguiça intelectual que prefere não enxergar os sinais por trás dessas simplificações toscas. G20 está nesse lugar entre o medíocre e o previsível lutando com a diversão, assim como um mone de outras produções que ninguém reclamou e achou legal. Mesmo com presidentes muito mais bundas-moles do que a Viola Davis.

Ainda mais quando a gente volta a comparar. John McLaine salvou o prédio e foi passear de limosine, enquanto a presidente Danielle Sutton jogou o vilão de um precipício e ainda no dia seguinte acabou com a fome no mundo. Nesse quesito, Viola Davis colocou todo mundo no bolso!


“G20” (EUA, 2025); escrito por Logan e Noah Miller, Caitlin Parrish e Erica Weiss; dirigido por Patricia Riggen; com Viola Davis, Anthony Anderson, Ramón Rodriguez, Marsai Martin, Antony Starr, Elizabeth Marvel, Douglas Hodge, Christopher Farrar e Sabrina Imacciatore.


Trailer do Filme – G20

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