Se fosse possível resumir Homem de Ferro em um palavra, com certeza seria “realidade”. O filme do super herói de metal só funciona graças a isso: conseguir convencer o espectador que está vendo algo possível de existir. Por mais impossível que possa parecer.
É claro que, é necessário levar em conta que o personagem dos quadrinhos, por sí só, já se apoia nesse aspecto realistico para existir e fazer sucesso, coisa que é extremamente bem explorada no filme. Tanto no papel quanto na tela, o herói é Tony Stark (Robert Downey Jr.), milionário playboy que, enquanto coleciona amantes e um humor cínico, é dono de uma mega-empresa armamentícia, até uma visita ao Afeganistão (nas HQs, Vietnam) onde é feito prisioneiro por um grupo terrorista e ferido mortalmente. Para sua salvação, acaba tendo que usar um aparato no peito enquanto é obrigado a montar um míssil para seus captores, isso enquanto, secretamente, acaba criando uma armadura que lhe dá poder suficiente para fugir do cativeiro.
Como já era de se esperar, Homem de Ferro aposta na gênese do personagem e faz isso muito bem. Com pouquíssimos minutos de filme você já conhece quase tudo que deveria sobre o personagem, caindo em uma intimidade, e uma aproximação, com o público que seguraria o filme inteiro por sí só, mas ao invés disso, depois dessa apresentação o filme ainda continua em um ritmo de surpresa: nasce um novo Stark, nascem novas relações com personagens, nascem novas armaduras, nasce um vilão, tudo de frente dos olhos atentos de uma plateia que começa a achar estar realmente fazendo parte de tudo aquilo. Vendo uma lenda nascer.
Toda essa moldagem é tão bem construída pelo diretor Jon Favreau, que ainda dá as caras como quarda-costas de Stark, que fica desnecessário parar em qualquer momento para “juntar as idéias” da trama, fazendo com que tudo flua com leveza, sem deixar você ver o tempo passar. E continuando sem poupar esforços (já que sabe perfeitamente quem é a estrela de seu filme) para mostrar o personagem em todo seu brilho, sem se atropelar na hora de mostrar a armadura definitiva sendo montada, pelo contrário, perde um tempo que trás frutos logo adiante, já que o espectador sente estar fazendo parte daquela gênese. Ainda por cima arruma um ótimo jeito de não perder a atuação de Downey Jr. de dentro da armadura (recurso também usado nos quadrinhos), ao mesmo tempo que, com isso mostra toda enormidade e poder, tanto do intelecto do personagem quanto dela.
E essa mesma atuação é um caso a parte. Perfeito, Downey leva para o papel toda personalidade cínica e ao mesmo tempo excentrica que o personagem precisa para funcionar. com um sorriso no canto dos lábios, e uma naturalidade “blazê” até nos momentos mais tensos, como se fosse dono daquele mundo. O filme ainda o rodeia com ótimos coadjuvantes, como o simpático Terrence Howard, como o amigo Jim Rhodes, e Jeff Bridges, vilanesco como nunca, no papel de Obadiah Stone.
Mas é claro que Homem de Ferro não funcionaria sem os efeitos digitais da ILM (Industrial Light and Magic) que completam o visual realista. É impossível, em qualquer momento do filme, apontar o que é criação digital e o que é cenário, mais ainda, em que momento a armadura estava no set de filmagem e quando é apenas o ator com uma roupa verde para captação de movimento. Na cena com os aviões, mesmo tudo parecendo existir fisicamente, não apostaria nem no céu como real, (ao mesmo tempo que não faria o contrário).
E o trabalho da ILM só funciona assim por aquilo mesmo lá do primeiro parágrafo: a realidade. Sem o público convencido de que tudo fosse possível até aquele momento, o que se teria na tela seria um cara com uma roupa de ferro, que deve pesar algumas centenas de quilos, voando junto com caças. Mas não, você viu tudo aquilo se formando, viu os testes, viu o próprio Tony Stark fazendo tudo com as próprias mãos, e depois aprendendo a dominar a armadura, viu o nascimento do herói, que agora alçava sua primeira missão.
A grande curiosidade de Homem de Ferro reside em ser o primeiro filme da Marvel Studios, braço da gigante dos quadrinhos, e que agora controlará o destino de seus personagens no cinema e já prometendo inovar. Essa estréia, também é o ponta-pé inicial para a criação de um universo interligado entre seus filmes, um verdadeiro presente para os fãs, que iram delirar vendo as muitas referências ao universo do personagem, assim como a de outros heróis. Um espectador mais atento, verá até um certo escudo vermelho e branco entre as tralhas do laboratório de Stark, e abrirá um sorriso enorme com a agencia governamental com nome extenso que aparece durante todo filme (sem esquecer dos vários outros ganchos para as próprias sequencias) além de, com um pouco de paciência, ganhar a cereja do bolo depois dos créditos finais.
Mas não só essas surpresas, como todo o filme, são um verdadeiro presente para os fãs que lotarão as salas de cinema e, é claro, para todo público em geral, que desde já, tem em mãos o um filme obrigatório e já primeiro candidato a hit do ano.
Iron Man (EUA, 2008) escrito por Mark Fergus, Hawk Ostby, Art Marcum e Matt Holloway dirigido por Jon Favreau com Robert Downey Jr, Terrence Howard, Jeff Bridges, Gwyneth Paltrow
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