Por pouco, mas por muito pouco mesmo, a dupla de prodígios de 30 anos atrás, Steven Spielberg e George Lucas, não assassinam um dos maiores (senão o maior) heróis (no melhor sentido da palavra) da história do cinema. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não engana ninguém, mas tampouco surpreende alguém.
Essa nova aventura, antes de qualquer coisa, é um presente para os fãs que pedem sua volta desde o fim do terceiro filme. E pronto, desejo realizado. O professor Henry Jones Jr. está de volta, agora tendo que entrentar o russos no começo da Guerra Fria, ao mesmo tempo em que vai ao resgate de um velho conhecido que se embrenhou no meio da floresta amazônica à procura da tal caveira do título.
Tanto visualmente, quanto em sua trama, O Reino da Caveira continua condizente, é como se você estivesse vendo um filme feito um par de anos depois da Ultima Cruzada, e não um par de décadas. Porém, talvez se tivesse sido feito dentro de um lapso menor, não caíria na armadinlha criada pela própria trilogia.
Olhado de longe, ele poderia agradar, mas é repetivo, usa uma estrutura narrativa que a própria franquia concretizou no cinema e foi copiada aos montes, com meia duzia de cenas de ação, uma grande perseguição e muitos enigmas entrecortando toda essa adrenalina. Curiosamente (ou não), a mesma da Última Cruzada, coisa que não fica só por aí, já que ainda temos a traição de um personagem (que tem exatamente o mesmo fim), além de um outro, do passado de Indidana Jones, precisando ser resgatado. Sem esquecer da sequencia final em um lugar sagrado e lendário, escondido do mundo, mas que se destroi em um momento derradeiro.
Pode parecer preguiça, mas acaba caindo muito mais no terreno da falta de coragem em tentar fazer algo totalmente novo, uma nova trama menos ligada ao passado, ou simplesmente mais uma aventura do arqueologo, e não uma que fechasse pontas (que estavam muito melhores enquanto ainda abertas). Spielberg e Lucas apostam na certeza, no cavalo com mais chances, quando nesse caso, talvez o azarão fizesse uma corrida muito mais divertida, como fez em o O Templo da Perdição, já que as vezes, o público só quer mesmo escutar mais uma história e não a definitiva.
O pior de tudo é que Spielberg, em vários momentos, vislumbra o que poderia ter sido o filme, e como essa imagem parece ser divertida! Logo de cara, tudo que Indiana Jones precisaria está lá, uma bela apresentação, algumas linhas de diálogos onde o herói despacha todo seu cinismo e, é claro, muita ação, com seu chicote (bem esquecido no resto do filme), seu chapéu e suas fugas destemidas e criativas. E é ali que o diretor mostra o que poderia ter feito diante de uma história um pouco melhor.
Mesmo ainda politicamente correto demais, coisa que tem acontecido nos últimos tempos, com seus heróis chegando ao ponto de não usarem armas, nem mesmo uma faquinha, sobrando tudo para os punhos, Spielberg ainda continua com um dominio narrativo sem igual. Conta uma história de um jeito agradável e divertido, sem precisar apelar para efeitos digitais e sempre enxuto em suas cenas e composições, sem sobrecarregar nada, leve, fácil de ver e mais ainda de não perceber o tempo passar.
O lado ruim, é que ainda sobra tempo para momentos vexatórios, que, mesmo sem prejudicar o andamento do filme, ainda assim parecem saídos de algum outro lugar que não a cabeça do cineasta (talvez um dedo de Lucas, que não tem se comportado bem nos ultimos filmes e tido a péssima mania de estragar trilogias). Diante disso se preparem então para sequencias vergonhosas com personagens pulando de cipó em cipó (igual ao Tarzã mesmo), guardiões pigmeus lutadores de capoeira (vindos não se sabe de onde, indo não se sabe para onde), cobras sendo usadas com corda (jeitinho xinfrim de brincar com o medo do personagem), árvores virando pontes para carros (ao melhor estilo Corrida Maluca), formigas superdotadas (sem comentários) e é claro, algumas criaturas vindas de outro planeta (ou, de um lugar mais vergonhoso ainda, um “espaço entre os espaços”, como é explicado por um dos personagens) sem esquecer seu meio de transporte.
Agora que Lucas e Spielberg já brincaram de Indiana Jones, só restará ao público esperar pela continuação (nos dias de hoje mais inevitável que nunca) e torcer para algo que faça mais juz ao maior arqueólogo da história do cinema do que Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal.
Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull ( EUA,2008) escrito por David Koepp, a partir da história de George Lucas e Jaff Nathanson, dirigido por Steven Spielber com Harrison Ford, Cate Blanchett, Karen Allen, Shia LaBeoulf, Ray Winstone e John Hurt.
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[…] do que isso, depois de um quarto filme que era fácil torcer o nariz e se decepcionar com as expectativas criadas, esse quinto realmente […]
amei o filme achei uma a ventura meu irmae amou o filme