Se de um tempo para cá vem se falando que as animações estão cada vez mais “adultas” (seja no bom ou no mal sentido) é por que a maioria das pessoas não consegue enxergar que, o que está acontecendo sim, é um amadurecimento técnico, narrativo e visual. Um passo à frente. Uma evolução natural. Mesmo em toda sua primazia Toy Story 3 em nenhum momento poderia ser taxado de uma “animação feita para adultos”, assim como tudo que vem da Pixar (ainda que seja o público mais velho sempre os maiores “apaixonados” por eles). Assim como, apontando para um outro lado, Kung Fu Panda 2 não pode ser “diminuído” por estar preocupado só com sua inocência e vontade de divertir.
Mesmo vindo dos mesmos realizadores do Shrek, que tinha toda essa vontade de conquista um público mais maduro com suas referencias inteligentes (assim como o interessante Megamente), a continuação do sucesso de 2008 parece seguir muito mais aquela Dreamworks que, ano passado, fez sucesso com Como Treinas Seu Dragão: que aposta na simpatia e na aventura de uma história bem contada.
E ainda que a mesma dupla de roteiristas do primeiro, Jonathan Aibel e Gleen Berger, não façam nada de novo e revolucionário (muito pelo contrário até) e peguem o caminho mais curto para uma sequencia, ao explorarem algum ponto do passado do Herói panda e apostarem em uma (quase) vingança dele contra um vilão, é justamente essa simplicidade que permite que Kung Fu Panda 2 tenha um excelente ritmo.
Diante do óbvio, é fácil perceber que, então, a surpresa de tudo é apostar em cada sequência como um clímax e, com isso, criar um filme tremendamente empolgante, que não se esconde por trás de só de um grande final, mas sim da possibilidade de explorar tudo isso de modo mais visual e cheio de ação possível.
Nada de esconder o grande vilão, ou aquela enorme sequência, toda estrutura de sua história é baseada justamente em uma certa “indestrutibilidade” desse personagem, o pavão Lorde Shen, que, para acabar com o Kung-Fu e dominar a China, cria uma “arma que respira fogo e cospe metal” (vulgo um canhão) e sobra então para o panda Po e os “Cinco Furiosos” irem até Gongmen City libertar a cidade das mãos do vilão, salvar o Kung-Fu e, consequentemente, a China.
“Mas como derrotar com Kung Fu algo que derrota o Kung Fu?” é a pergunta que Po faz a seu mestre antes de partir, assim como demonstra o conforto com que o filme consegue lidar com um lado prático, e visual, ao mesmo tempo em que convive com uma abstração repleta de significados e lições, o que dá uma vida enorme a Kung Fu Panda 2. Se no final das contas, tanto o público menor quanto o maiorzinho (e até os marmanjos) saem do cinema com a impressão de estarem levando um monte de lições, é por que a diretora Jennifer Yuh não tem vergonha nenhum (no bom sentido) de ser essa animação positiva e cheia de esperança. Mesmo que para isso não precise de nenhum esforço muito grande, tratando tudo de modo tremendamente universal e simples.
É impossível não torcer para esse panda que acaba tendo que ficar de frente com seu passado (já que “surpreendentemente” acaba descobrindo não ser filho do Ganso) e de sua responsabilidade, seu destino, não só por fazer parte dessa profecia que salvará a China (e o Kung-Fu), como de entender que o importante é ser quem ele realmente é, desastrado, preguiçoso (com as escadas sendo “seus mais velhos inimigos”), mas seguindo seu coração. Fazendo o que acha que é o mais certo e, consequentemente, salvando a todos.
É lógico que Kung Fu Panda 2 tem seu maior trunfo nessa figura central que, como a descrição de um dos asseclas do vilão é “grande, peludo, macio, fofinho e dá vontade de apertar”, mas, talvez até mais que isso. O publico que entrar no cinema acaba sendo levado mais ainda pelo belíssimo visual do filme, que, junto com um humor na medida e inocentemente divertido, são, sem sombra de dúvidas as grandes estrelas da produção.
Indo atrás desse visual mitologicamente rebuscado de uma China antiga e povoada por animais (o que sem sombra de dúvida casa perfeitamente com a idéia da própria mitologia chinesa) Kung Fu Panda 2 ainda se sente confortável o bastante para “brincar”, e quebrar um pouco desse paradigma digital, com um belíssimo flashback em 2D tradicional (mais que bem colocado dentro do visual), e um prelúdio que vai em busca de um clássico teatro de sombras (que em termos narrativos são mais precisos ainda já que criam todo contexto necessário para o resto da trama correr de modo eficiente e limpo).
Em certo momento a câmera de Yuh cria essa espécie de PAC-MAN pelas ruas de Gongmen City, com os heróis fantasiados de dragão engolindo um bando de “ajudantes” do Lorde Shen (em uma referência que, sem dúvida nenhuma, os mais novos nem perceberão), ao mesmo tempo em que, pouco antes disso, o herói Po pede para “tocarem uma música de ação, que eles estariam chegando” para salvar uma vila de coelhos músicos. Um par de momentos que resumem Kung Fu Panda 2: inocente e despreocupado com a idade de seu público, desde que ele esteja se divertindo. E ele vai estar.
idem (EUA, 2011), escrito por Jonathan Aibel e Glenn Berger, dirigido por Jennifer Yuh, no original com vozes de Jack Black, Angelina Jolie, Dustin Hoffman, Gary Oldman, Jackie Chan, Seth Rogen, Lucy Liu, David Cross, Michele Yeoh, Danny McBride, Dennis Haysbert e Jean-Claude Van Damme.
7 Comentários. Deixe novo
Sinceramente o melhor filme que eu já assisti na minha vida, e quem não chorou no final… sinto muito mas não tem sentimentos…
Alguém mais notou alguma coisa entre Po e Tigresa? ;D
toda crítica que eu vejo na internet tem um texto imenso sem sentido.Mas,enfim,Kung Fu Panda 2 é um Ótimo filme,tem um bom enredo,é a melhor animação que eu vi até agora desse ano.
Nota do Filme : 8.0
Ronaldo, foda-se
adoro o filme e fala pra esse tal de ronaldo que o filme e um maximo
é ruim demais
Ótima crítica como sempre. Vale ressaltar que fui ver o 3D e realmente me decepcionei, pois não tem nenhum efeito realmente em 3D. Não entendo muito de filmes, nem sou especialista nem nada, somente gosto muito e me divirto com eles. Acredito que esse deve ter sido um, daqueles filmes que depois de pronto, fazem o efeito 3D. Mas o filme é divertido e vale a pena para quem curte. =]
boa critica so faltou falar do 3d