Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo Filme

Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo | Um campeão que não precisa de cinturões

Depois do pouco inspirado, esquisitão e desinteressante Presságio de um Crime, é um enorme prazer descobrir que o diretor Afonso Poyart ainda tem dentro dele um pouco daquele incrível e moderno diretor de 2 Coelhos. Na verdade, bem mais que “um pouco”, já que Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo é a mais perfeita evolução daquele cineasta.

E ainda que o filme seja de seu personagem principal, o lutador José Aldo (vivido na tela por um esforçado e acertado José Loreto), quem faz tudo valer a pena e amarra sua incrível história de modo visual, empolgante e visceral é Poyart. Seu estilo está lá, o slow motion e uma câmera que parece voar por certas cenas, mas talvez o que mais impressione seja um novo e visceral diretor que parece surgir.

Um com a aparente vontade de mergulhar em seus personagens, colar sua câmera na ação como se estivesse em busca de uma verdade que se entranha por trás de uma já magnífica história de vida. O roteiro escrito pelo próprio Poyart conta a história de José Aldo desde sua adolescência sem muito rumo, até seu título do UFC. Mas mais do que isso, Mais Forte que o Mundo é o retrato fiel e poderoso de um lutador que vai muito além de qualquer ringue ou octógono para vencer.

E se isso parece ser mais um daqueles clichês de filmes do gênero, a real história de José Aldo faz essa impressão sumir em pouco tempo. É lógico que as lutas estão lá, e curiosamente nelas é onde Poyart menos parece preocupado em ser aquele diretor barroco e vanguardista, se colocando quase sempre distante, em meio à platéia, sem precisar forçar nada. Seu acerto vem do resto do tempo, do cuidado e da aparente vontade de surpreender seu espectador.

Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo Crítica

É na luta interna do personagem que Poyart parece mais interessado, tanto que o embate final entre Aldo e seu lado mais violento e animal é orquestrado de modo visualmente impactante e poderosíssimo. Fora isso, o diretor ainda parece arrancar trabalhos fortíssimos tanto de Loreto, quanto de seu pai vivido por Jackson Antunes. Dois pilares que sustentam extremamente bem sua trama e não perdem um momento sequer para darem um show de interpretação. Jackson é sensível e emocionará com seu trabalho, enquanto Loreto some completamente por trás do personagem, seja em sua simpatia ou em seu lado mais obscuro e violento.

Fica também para Poyart a responsabilidade de equilibrar esses dois lado e fazer que tudo isso se entrelace numa espécie de estudo de personagem ou cinebiografia que, sobre qualquer coisa, é um esforço maior ainda para entender de dentro para fora esse vencedor incrível que não precisa de título nem cinturão algum para ser enxergado como campeão.


“idem” (Bra, 2016) escrito e dirigido por Afonso Poyart, com José Loreto, Cleo Pires, Jackson Antunes, Cláudia Ohana, Romulo Neto, Milhem Cortaz e Rafinha Bastos


Trailer – Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo

O crítico Vinicius Carlos Vieira foi à pré-estreia à convite do Cine Roxy
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