Max Steel Filme

Max Steel | Passa Vergonha até Entre os “Fan Films”


[dropcap size=small]Ao assistir Max Steel você terá a impressão de estar vendo um “fan film”. E como todo filme feito por fãs, este tem orçamento bem limitado, o que se reflete em seu roteiro e direção pedestres, assim como a qualidade do elenco e dos efeitos visuais. Mas nós já vimos “fan films” que foram produzidos com o sangue e suor de uma massa de admiradores, e apesar de todos os defeitos, mantiveram ao menos um trabalho feito com paixão, e se é que isso serve de algum mérito, ao menos significa que alguém deve ter se divertido no processo. Aqui, porém, o filme tem todos os elementos capengas que o tornam elegível para a categoria de “fan film”, menos a paixão, o que nos leva ao pior resultado possível: um filme ruim feito por pessoas que não se importam tanto assim.

A história gira em torno de Max (Ben Winchell), um garoto órfão de pai que se muda constantemente com sua mãe (Maria Bello) por motivos não muito claros, mas que o acaba tornando solitário por falta de opção. Até ter sua bike atropelada por uma linda garota em uma caminhonete (a realmente bela Ana Villafañe). Ah, faltou contar que eles voltam para o mesmo lugar onde moravam quando ele era bebê, além de em um jantar sermos apresentados a um ex-colega e amigo do seu pai (Andy Garcia), que presenciou o acidente e hoje aparentemente continua as visionárias pesquisas de Jim McGrath (Mike Doyle) em torno de um uso muito mais eficiente de energia que os seres humanos estão acostumados.

Max nem desempacotou suas coisas após a mudança e já percebe nas suas mãos possíveis sinais de sua puberdade. OK, isso soou mais errado do que devia… o problema aqui é que suas mãos, quando se movem com ele olhando, parecem começar a interferir em equipamentos eletrônicos, como sua TV e celular. Surpreso, mas nem tanto, ele fica realmente indiferente, se tornando forte candidato ao prêmio blasé do ano, quando uma espécie de drone entra no banheiro do seu quarto. O mais curioso é que para ele aquele mini-robô falante não poderia ser o drone de alguém da escola querendo pregar uma peça ao novato, mas um alienígena que veio do espaço para protegê-lo, o que é muito mais plausível.

E tudo, absolutamente tudo, é narrado de uma maneira misteriosamente empolgante pelo diretor Stewart Hendler. Ou ao menos ele e sua trilha sonora enlatada parecem sugerir que na tela está passando cenas de arrepiar os cabelos, quando na verdade as cenas de ação se resumem em câmeras frenéticas se mexendo, explosões aleatórias e a incapacidade de conseguirmos ver até uma maquete, parada, em cima de uma mesa. E embora o filme continue sugerindo sem parar que veremos em algum momento algo – qualquer coisa – de encher os olhos, o máximo que ele consegue fazer é lacrimejarmos um pouquinho de sono e de arrependimento de estarmos presenciando algo que nem chega a ser ridículo (para ser engraçado) e nem levemente medíocre (para ser um Transformers em seus melhores momentos).

E por falar em Transformers, o roteiro no automático e por encomenda de Christopher Yost rouba descaradamente a ideia (ainda que idiota) das duas raças alienígenas muito semelhantes (exceto pela cor, azul versus vermelho) que parecem guerrear eternamente entre si, e o único objetivo do time vermelho (que é do mal, claro) é destruir tudo pela frente que for da cor azul.

Max Steel Crítica

Toda essa falta de criatividade parece acabar influenciando seu fraco elenco principal, que possui os rostos desconhecidos de Ben Winchell e Ana Villafañe como parzinho romântico e que parecem não ter nada a oferecer exceto executar mecanicamente as falas e os movimentos do roteiro. As exceções ficam por conta da mãe, interpretada por Maria Bello, que faz o mínimo para o estereótipo da mãe superprotetora (apesar de ser péssima em detectar dicas de que algo anda errado com o filho) e de Andy Garcia, que está surpreendentemente sério e gordo.

E pensar que toda a história tem como protagonista um rapaz que sequer consegue mudar de expressão maravilhada. E isso é fora de seu novo uniforme de herói, pois dentro dele parece virar uma exposição de caricaturas (e mesmo isso não está em sincronia, por exemplo, quando vemos uma luta de bem contra o mal). E por falar em luta, voltando mais uma vez ao roteiro, talvez a ideia mais estúpida dele seja a de que, se você deixar sua TV ligada o tempo todo em filmes de lutas marciais magicamente você irá adquirir o conhecimento de “golpes” giratórios no ar.

Quando vemos filmes assumidamente ruins como Sharknado (e suas sequências) sabemos que os criadores estão piscando para nós; eles sabem que de trata de um “thrash”, e ao menos eles estão tentando reciclar um gênero com um certo estilo. Filmes como Max Speed bebem da fonte de todos os filmes de origem de super-heróis (brinquedos ou não) e parece tentar emular mecanicamente algo mais do mesmo, e sem nada a acrescentar, seja estilo ou paixão.


“Max Steel” (RU/EUA, 2016), escrito por Christopher Yost, dirigido por Stewart Hendler, com Ben Winchell, Josh Brener, Maria Bello, Andy Garcia, Ana Villafañe


Trailer – Max Steel

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