O que esperar de um roteirista depois de ele escrever 72 episódios da série Game of Thrones? Se você respondeu qualquer coisa que não seja “uma simpática comédia adolescente com cara de Sessão da Tarde”, errou. Metal Lords é só isso mesmo, e é mais que suficiente para ser um passatempo perfeito. Principalmente para quem gosta de alguns riffs de guitarra.
O filme é dirigido por Peter Sollett, que já tinha sido simpático e delicadinho em 2008 com sua comédia Nick & Norah: Uma Noite de Amor e Música. Talvez ninguém lembre muito dele, mas talvez seja essa a intenção: um filme que faz com que aqueles 90 minutos valham a pena, mas não exijam muito do espectador.
Metal Lords faz exatamente a mesma coisa. Nessa história sobre dois amigos de infância que chegam ao “High School” com todas ferramentas para serem os “Losers” da galera, inclusive uma banda de “post-death metal doom”. De um lado, Hunter (Adrian Greensmith) tem um sonho de se tornar um rockstar do heavy metal. Do outro, Kevin (Jaeden Martell), está sempre com o amigo, então não tem opção a não ser se tornar o baterista da “Skullfucker”.
O roteiro de D.B. Weiss não tem absolutamente nada da série da HBO, pelo contrário, é um filme solar, otimista e o inverno que está chegando são problemas que fazem parte da vida dos dois jovens, mas nunca nada muito profundo. As camadas estão lá, mas nada que faça o filme refém dessas ideias, a busca é muito mais por aquelas lições que chegam junto com a vida.
Hunter e Kevin precisam encontrar um baixista para completar a banda e poderem participar do “Desafio das Bandas”. Kevin se apaixona por Emily (Isis Hainsworth) e seu violoncelo. A amizade dos fundadores da “Skullfucker” é colocada em risco e o guitarrista precisa ainda lidar com seus “fantasmas” para conseguir lidar com sua obsessão pelo metal.
Essa obsessão resulta em um pacote de ótimas piadas, principalmente para os fãs do gênero e que irão identificar um monte de clichês divertidos. Já a transformação de Kevin em um jovem metaleiro ainda arranca algumas ótimas situações. Mas absolutamente nada que leve nada muito à sério. Metal Lords é um filme simples, de sentimentos simples e que vai agradar quem quer só essa simplicidade.
A direção de Sollet ainda faz disso tudo um filme com um ritmo ágil e um monte de sequências claras onde é possível aproveitar cada detalhe e construção daquele momento. O diretor não finge ter um filme maior do que é e vai dando para o espectador cada momento com sensibilidade e alegria. Hunter é obviamente um jovem que precisa ocupar um vazio existencial de uma família quebrada através do metal, mas isso não se torna um peso para o personagem. É sua leveza que conquista o espectador, já que seu conflito não é maior que ele, mas sim chega a ele junto com uma daquelas lições de Sessão da Tarde e acolhem o espectador.
Kevin precisa se descobrir e Sollet nunca o coloca como um perdedor qualquer sofrendo bullying e outros atalhos, pelo contrário, é maduro e permite que o personagem amadureça, não seja empurrado pela história. O roteiro de Weiss parece saber a importância do rock para esses personagens e o quanto isso pode ser a solução para seus problemas, não usa o estilo de música como desculpa para algumas cenas com trilha alta, mas sim compreende aquilo que está falando. A consciência de Kevin se manifestando através do quarteto Scott Ian, Tom Morello, Kirk Hammett e Rob Halford é apenas a concretização de algo que todo jovem metaleiro já descobriu: As respostas estão nesses riffs.
Depois de anos e mais anos em Westeros, Weiss agora é metal.
“Metal Lords” (EUA, 2022); escrito por D.B. Weiss; dirigido por Peter Sollett; com Jaeden Martell, Adrian Greensmith, Isis Hainsworth, Brett Gelman, Joe Manganiello e Sufe Bradshaw