Mostra Panorama (Curtas) – Série 1

O Vampiro que Pensa Vozes (Rio de Janeiro/Br, 2022); dirigido por Paulinho Sacramento

Paulinho Sacramento vem em resgate do falecido José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e apresenta um vampiro trash muito ruim e muito pertinente na dramaturgia do lixão. Ele é o que o título diz que ele é. Ele faz terapia. Ele tenta destruir Bolsonaro com um teaser apontado para a TV. Ele é a síntese do ser politizado desse nosso Brasil antifascista antirascista e antitaxista.

O curta é engraçadíssimo em alguns momentos. Em outros ele é apenas ruim, o que não deixa de ser bom. Se há algum curta que merece um longa, este é o cara. À Meia Noite levarei Seus Cinco Reais… Esse seria o preço da sessão.


Espectro Restauración (Rio de Janeiro/Br, 2022); dirigo por Felippe Mussel

Experimental e sintético, o objetivo da reflexão de Felippe Mussel é ecológico.

Ele monta uma relação entre a floresta perdida e o som das queimadas em um compilado que te obriga a abraçar o não-conformismo com a estrutura e ao mesmo tempo adota uma estrutura simplória para observarmos o que perdemos quando a natureza vai-se embora.


Corpo Onírico (Pernambuco/Br, 2022); dirigido por Marina Barbosa Mahmood

Sem diálogos, a sensação de profundidade e movimento no trabalho de Marina Barbosa Mahmood é no mínimo curioso. Ela bebe da noção do que é sensual das irmãs Wachowski, no sentido que não é algo 100% feminino, mas é sensual sem determinar muito o gênero.

São as cores, as curvas e o movimento. Perde-se no significado por não impor um discurso, mas ganha-se em sensações, em volume e em perspectiva.


Cine Pornô – Fragmentos de Desejo e Medo (Rio de Janeiro/Br, 2022); dirigido por Luis Teixeira Mendes

Um filme muito curto quase todo montado em cima de fotografias indiscretas de momentos em um cinema pornô no centro do Rio de Janeiro. Já fizeram trabalhos de conclusão de curso com a temática dos dizeres em banheiros públicos. Trabalhos que fizeram alunos passar de ano e consumiram papel. Não há limites para a insignificância humana dentro da esfera social.

Com este trabalho Luis Teixeira Mendes demonstra em cinco minutos como há infinitas horas de nada que preste dentro do audiovisual brasileiro. Uma lição para as próximas gerações. Uma falta de respeito com o pessoal da limpeza.


Claudio (Bahia/Br, 2022); dirigido por Calebe Lopes

Almodovariano sem ousar muito. Simbólico ser ousar ser tarantinesco. Há tantas influências fáceis neste trabalho de Calebe Lopes que ele perde a graça por causa do sentimento de Deja Vu.

Em algum momento, depois de martelar a imagem de uma noiva usando máscara no meio da noite urbana, a proposta torna-se válida novamente. É o cinema enlatado da repetição. É mais um curta que vale um longa. E mais uma vez, a sessão custa cinco reais. Dois filmes pelo preço de um?


De Como Me Tornei Invisível Pra Caber Em Meu Espírito (Bahia/Br, 2022); dirigido por Padmateo

A revelação de que a indefinição de gênero para algumas pessoas pode ser um trauma levado a série pela academia. E quando essa ferida é exposta como arte se torna um misto de vergonha alheia, incômodo coletivo, nojo e repulsa seguidos de pena.

A obra íntima e biográfica de Padmateo não poderia ter vindo na melhor hora: a hora da transição. Se trata de cinema experimental de preparação. Senhoras e senhores: preparem-se para o pior.

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