Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança

Mesmo tremendamente criticado, e não sem razão, o primeiro Motoqueiro Fantasma rendeu nas bilheterias muito mais do que ela esperava e, para sorte do personagem, isso rendeu-lhe agora uma sequência, Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança, coisa que, felizmente para seu público, significou bem mais que a repetição de certo erros.

Logo de cara a aposta parece ser então no ritmo e na diversão despretensiosa que tanto faltou no primeiro, já que a dupla dos dois Adrenalina, Taylor/Neveldine (e do movimentado Gamer) não só assinam a direção do filme como parecem ter liberdade total para imprimir seu estilo. Isso não dá a Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança tanta esperança de se tornar uma obra-prima, mas, de modo mais que sincero, permite que ele seja, sem qualquer frescura, um filme de ação que cumpre o que promete.

Nele, Nicolas Cage volta à “pele” de Johnny Blaze, agora tentando se esconder de seu lado Motoqueiro Fantasma, e para isso indo parar lá do outro lado do oceano, em algum lugar da Europa (em “algum lugar” literalmente já que, geograficamente, é impossível desconfiar onde o filme se passa até sua sequência final), mas acaba então recebendo a incumbência de proteger um garoto antes que o próprio Diabo (aquele mesmo que fez o acordo com ele) o capture.

Na verdade, um dos atributos de Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança é, justamente, ser muito menos prolixo que o parágrafo anterior, já que em apenas um diálogo ele explica tudo isso (“Precisamos levar o garoto para o Santuário, e só o Motoqueiro pode fazer isso”) e em outro cria motivação para que o “herói” faça seu trabalho (a promessa de liberá-lo dessa maldição), o resto do tempo fica então reservado para o maior número de cenas de ação e efeitos especiais possíveis, afinal, não há dúvida de que quem ente no cinema vai ser em busca muito mais desses dois fatores do que de uma trama envolvente.

Essa liberdade narrativa acaba então não fazendo muito bem para o trio Scott M. Gimple, Seth Hoffman e, o acostumado com quadrinhos, Davi S. Goyer (dos três Batmans, Blades etc.), que parece pouco se importar com uma linha minimamente exigente para contar essa história, portanto, fica difícil não achar que o filme, mesmo despretensioso, merecesse algo um pouco mais complexo do que essa simples perseguição episódica.

Diferente do divertido Adrenalina, que, provavelmente, credenciou a dupla de diretores para essa adaptação, Motoqueiro Fantasma não se move em uma única linha ensandecida, mas sim para em certos momentos para fingir contar uma história que não existe, mesmo que, talvez só a caveira flamejante já fosse suficiente para embalar a história.

Sobre ela, fica claro também que um ou outro toque em seu visual, acabam criando quase um novo conceito visual para o personagem, um que procura fugir do visual mais cartunesco do primeiro e estabelecê-lo de modo mais fincado na realidade, menos flamejante, mas muito mais crepitante, muito mais vivo e interessante, o que combina completamente com o lado mais visceral do personagem. Mais irracional e muito mais divertido, portanto o melhor é esperar muito trabalho para aquela corrente que o personagem usa como arma, além de muito fogo e corpos virando cinzas, tudo que o espectador mais quer.

Mas Motoqueiro Fantasma – O Espírito de Vingança só não decola mais, diante de uma certa falta de um bom humor mais ácido e corajoso, que sobrou em Adrenalina e aqui só dá as caras em uma certa urinada flamejante, mas que, no resto do tempo se resume a algumas frases de efeito bobas que pouco combinam com o tom caótico que os diretores impõe, mas ainda assim muito melhor e mais divertido que a mesmice chata do primeiro.


Ghost Rider: Spirit of Vengeance (EUA, EAU 2012) escrito por Scott M. Gimple, Seth Hoffman e David S. Goyer, dirigido por Taylor/Neveldine, com Nicolas Cage, Violante Placido, Ciáran Hinds, Idris Elba, Ferguns Riordan e Johnny Whitworth.


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