Durante o século XIV, no Japão feudal, uma organização de criminosos entrou para a história ao usarem as artes marciais e um estilo fortuito e invisível que os levaram a ganhar a fama de maiores assassinos do mundo. Alguns séculos depois, hoje, Andy e Lana (ex-Larry) Wachowski (aquela mesma dupla de irmãos que dirigiu os três Matrix) resolveram pegar assa cultura milenar e trazer para os dias atuais. No meio disso, aproveitar para destruir tudo e tentar fazer o pior filme possível sobre o assunto.
A dupla de produtores (Walchowski), completou seu time com a direção daquele mesmo James McTeigue de V de Vingança, assim como o roteiro do celebrado J. Michael Strackzynski (A Troca). Juntos, o quarteto consegue fazer um filme tão cheio de falhas que fica difícil entender como ele pôde ser levado a sério, já que beira uma ausência total de sentido. E isso não é um exagero.
Nele, um ninja decide ir contra seu clã e encontra a ajuda de dois agentes da Europol. De resto, é apenas um desfile sanguinário de espadas, decepações, esguichos de sangue e muito flashback.
Seria fácil colocar a culpa desse desastre em alguém específico, mas seria injusto, já que a impressão geral é de que, em uma outra realidade o filme até funcionasse, já que é repleto de ninjas, com suas roupas pretas, se esgueirando pelo escuro e bradando suas espadas, e isso sempre funciona em um filme de ação. A não ser quando o espectador é obrigado a tentar entender o que esta acontecendo, tanto visual quanto narrativamente.
Alem de um uso excessivo de flashbacks extremamente longos e chatos, que tentam dar um contexto para a vida do personagem principal até bem quase um terço do filme, o espectador é obrigado a ver uma trama sem pé nem cabeça se formar a sua frente, com algumas pessoas lutando sem muita razão de estarem fazendo aquilo e muitas (mas muitas mesmo!) sequencias de treinamento do protagonista. Talvez uma saída do roteiro para segurar um pequeno suspense para um momento específico onde você descobre as verdadeiras intenções do herói, ou simplesmente um erro imaturo na hora de optar por tentar criar uma narrativa não linear, esquecendo qual linha é a sua principal.
Mas se, dado o verdadeiro impulso para a trama, o filme nesse momento teria a liberdade para engatar uma terceira marcha e desembestar por uma produção de ação cheia de estilo, slow motion e lutas, o que o espectador encontra é um filme confuso, que opta por um visual escuro demais até para os ninjas, além de uma montagem histericamente picotada que, praticamente, não deixa ninguém ver nada do que está acontecendo.
A mão sensível de McTeigue, como uma tora de madeira, ainda parece fazer questão de criar um filme que não só beira a falta de razão enquanto cinema, como se esforça para mover seus personagens graças a desculpas idiotas do roteiro. Ninguém ali parece ter uma função que não seja incomodar o espectador com suas ações.
Ninja Assassino se desespera para ter um visual bacana (na verdade se resumindo a algumas poucas sequencias, como no final, na traição do clã e na primeira missão do herói), mas que se esquece de ligar tudo isso com uma linha narrativa que chame o mínimo de atenção, principalmente dentro de um filme desleixado, que não se importa de estacionar um carro cheio de shurikens (aquelas estrelinhas) na frente de um hotel como se aquilo fosse normal, e ainda espera ser levado a sério o resto do tempo. Isso além de ganhar um título em português mais redundante que “subir pra cima” para fechar esse desastre como uma chave de ouro.
Ninja Assassin (EUA/Ale 2009) direção:Jame McTeigue com: Naomi Harris, Rain, Shô Kosugi, Bem Miles