A gente já conhece esse tipo de história: um heroi que não sabe fazer nada sozinho perde sua razão de viver e cai em desgraça. Daí ele tem que voltar ao topo. Nocaute é assim, só adicionar o boxe como pano de fundo e um protagonista cujo nome tira qualquer dúvida sobre a história – se é que havia alguma.
Billy Hope (Jake Gyllenhaal) é um campeão mundial de boxe, invicto há 43 lutas. Seu método, porém, é diferente. Antes de começar a bater, Billy apanha muito, até que sua raiva desperta e ele vence as lutas. Preocupada com saúde do marido, Maureen (Rachel McAdams) pede para que ele dê uma parada, ao que ele consente. Entretanto, Maureen, o cérebro da relação, morre e deixa Billy arrasado ao ponto de perder tudo, inclusive sua fortuna e a guarda da filha Leila (Oona Lawrence). A partir daí, ele deve recomeçar tudo para ter sua vida de volta. Isso inclui voltar a treinar como principiante com o exigente técnico Tick Wills (Forrest Whitaker).
Nocaute é a típica história de redenção e nada muda muito aí. Há pinceladas nas relações de poder no mundo dos esportes, algo que poderia ser melhor desenvolvido e render uma trama mais pronfunda, o que não acontece. É na sua superficialidade que Nocaute perde força. A narrativa cai nos clichês e muito do que aparece na tela parece tirado de outros tantos filmes semelhantes, o que deixa a produção pouco interessante e previsível.
A falta de qualidade da história e de sua condução são levemente equilibrados pela qualidade do elenco. Jake Gyllenhaal é um dos melhores atores de sua geração – Oscar é só uma questão de tempo – e, neste filme, faz milagre com um personagem que na mão de qualquer outro ator seria apenas chato. Não me entenda mal, Billy Hope é, de fato, chato; mas Jake Gyllenhaal consegue conferir algo de muito verossímil a ele, especialmente nas explosões de raiva e no texto murmurado, que deixam a performance de Gyllenhaal “crua” da melhor maneira possível. Ele também é muito convincente no ringue.
No geral, Nocaute se torna um filme mediano, mas está longe de ser ruim. O problema é que, no meio de tantas histórias de redenção, ele se torna esquecível: uma pena, considerando o ótimo elenco escalado e as possibilidades da trama.
“Southpaw” (EUA, 2015) escrito por Kurt Sutter, dirigido por Antoine Fuqua, com Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Oona Laurence, Forest Whitaker, 50 Cent