Voltando de um jeito desiquilibrado pelo mesmo caminho que, a anos percorreu, ainda como um respeitado professor, antes de cair nas garras da notória Lola Lola (estréia de Marlene Dietrich e suas pernas no cinema) e ver sua vida ruir sob os olhos dos atentos espectadores, Immanuel Rath, vivido esplendorosamente por Emil Jannings, talvez crie nesse, O Anjo Azul, um dos personagens mais trágicos do cinema.
A câmera se afastando e deixando-o sozinho diante de uma classe vazia com apenas alguns poucos livros sobre sua mesa não é um prenuncio de uma tragédia inevitável, mas sim uma lição de como jogar um personagem no fundo do poço. Ver aquele mesmo homenzarrão se dobrar sobre aquela mesma mesa, anos depois, tentando descansar ali, onde lhe é direito, seu corpo moido pela vergonha e já parecendo um mendigo, mostra talvez, um dos porques de ainda existerem cinéfilos “apegados” ao passado (leia-se até avesssos ao moderno), carentes dessa sensibilidade praticamente inexistente nesse cinema moderno.
Sternberg não só dá ao cinema uma de suas maiores musas, como brinda a todos com um filme inesquecível.
Der Blaue Angel (1930) escrito por Carl Zuckmayer, Karl Vollmoller e Robert Liebman, a partir do livro de Henrich Man, dirigido por Josef von Sternberg, com Emil Jannings, Marlene Dietrich, Kurt Gerron e Rosa Veletti