O Macaco | Ruim no melhor dos sentidos!

O Macaco é um conto escrito por Stephen King para uma “revista adulta” chamada Gallery em 1980. Entre uma cidadã nua e outra, King contou a história “barata” desse macaco de brinquedo que quando tocava seus chimbaus (aqueles “pratinhos”) alguém morria de forma inesperada. O conto mais tarde acabou entrando na coletânea Tripulação de Esqueletos, mesmo livro que tinha a história que depois deu origem ao terror O Nevoeiro.

Ao que tudo indica, Ozgood Perkins, diretor de Longlegs, afirma que a Atomic Monster, produtora de James Wan, não conseguiu usar o macaco original, pois a Disney tinha comprado os direitos do brinquedo para usá-lo no Toy Story. A Atomic Monster também tinha uma ideia diferente para O Macaco, mas Perskins recusou, não gostaria de contar uma história tão cheia de maluquices atreladas a ela de um jeito que não fosse minimamente maluco. Sem esquecer o terror, mas com os dois pés na comédia.

Perkins não só acerta, como parece entender perfeitamente bem o clima de King e boa parte dessas pequenas histórias do período. King não levava aquilo a sério, buscava apenas a coisa mais doida e mundana que tivesse em mãos para colocar seus personagens diante desse perigo que soa ridículo, mas que, na verdade, é completamente maléfico. Sobre a história original, quem leu o conto vai encontrar um ou outro detalhe, mas a ideia vai além. Muito além mesmo, e o resultado é perturbadoramente divertido.

Depois de uma cena de abertura “de desembrulhar o estômago”, O Macaco acompanha Hal e Bill, dois irmãos gêmeos que acabam “herdando” o tal macaco do pai. Sem saberem o que era realmente aquilo, fazem o que não deviam: dão corda no brinquedo. O que vem a seguir é um filme que conversa plenamente com o ridículo e com o gore com uma potência que irá transformá-lo em adorado e odiado por fãs do gênero. Quem embarcar na brincadeira, muito provavelmente dará risadas até o final com as cheerleaders decapitadas. Quem recusar o clima, vai achar tudo completamente idiota, sem entender que, nesse caso, “idiota” é uma qualidade.

Quanto mais Perkins mergulha na história, mais ele expõe uma cara de pau enorme para não se levar a sério. Tanto em termos de diálogos completamente canalhas e forçados, quanto com as mortes absolutamente criativas e absurdas. Tudo isso correndo através de uma galeria de personagens exóticos que funcionam absolutamente bem dentro desse mundo que parece contemporâneo, mas tem algo de brega e assumidamente atrasado. Um mundo sem luxo pronto para ser dizimado pelo bater no tambor do macaco (sim, em vez de “pratinhos” ele agora tem um tamborzinho).

Para Perkins, é como se a série A Premonição estivesse cruzado com os Looney Toones. As mortes são exageradas, explosivas, cheias de sangue, miolos, membros decepados e qualquer outro tipo de maluquice, mas sem seriedade envolvida e uma câmera que parece apaixonada por cada um desses detalhes. Se tem uma morte, garantia que os espectadores não perderão nenhum detalhe.

Por isso mesmo, quando O Macaco precisa tomar um caminho mais calma e de relações entre personagens e a trama, parece chatear. Em duas ou três situações é fácil até duvidar de como uma ou outra pessoa dentro da trama chegou naquela conclusão sem uma tonelada de conveniência, mas isso é rapidamente camuflado por algum tipo de assassinato maluco. E quanto mais aleatório, cínico e psicodélico, melhor (acreditem!).

Então é um desperdício enorme levar O Macaco minimamente a sério. Pior ainda seria chamá-lo de ruim como se fosse um defeito. Perkins vem de seu pesadão Longlegs para fazer um filme ruim com toda personalidade possível. Ele descobre a chave para que sua história funcione dentro dessa comédia de terror cara de pau e deliciosamente cretina. Encontra um tom impensado para quem esperava algo “sério” e parece se divertir a cada virada de corda desse macaco. Portanto, não faça o contrário, relaxe e se divirta com ele.


“The Monkey” (EUA/UK/Can); escrito e dirigido por Osgood Perkins, a partir do conto de Stephen King; com Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O´Brien, Elijah Wood, Osgood Perkins, Sarah Levy e Rohan Campbell.


Trailer do Filme – O Macaco

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