O Mensageiro do Último Dia | Um terror esforçado

O Mensageiro do Último Dia foi o último filme a ser produzido pela Fox antes dela perder o nome e virar Disney. O filme então ficou preso nesse limbo burocrático, mas foi posteriormente lançado nos cinemas, se tornando o primeiro filme “sob o guarda-chuva” da Disney a ser lançado nos Estados Unidos com a classificação etária de 18 anos. Mas fez pouco dinheiro, quase nenhum, na verdade. Pouco o suficiente para nem ser lançado no mercado de DVD.

Ainda em 2020 ele também chegou ao Brasil, mas ninguém se lembra disso. Agora chega no Star+ e ganha mais uma chance de conquistar o público que gosta de terror. E por mais incrível que isso possa parecer, O Mensageiro do Último Dia nem é tão ruim assim. Mas deu azar, primeiro por ter sido empurrado para frente, depois pela classificação etária e a má vontade da Disney de divulga-lo, depois por não ganhar essa chance entre os DVDs (leia “versões digitais e VOD) e, por último, por ser um pouco menos de terror do que as pessoas irão esperar.

Na verdade, é um filme climático, construído a partir de uma ideia bacana e com jeitão até de slasher genérico, mas que, aos poucos, vai caminhando por um sobrenatural interessante e, por fim, por quase um daqueles terrores provocadores com seitas malucas e uma vontade enorme de ser um horror psicológico e com uma reviravolta desafiadora no final. Resumindo, tem um pouco de cada coisa, só falta o pessoal se deixar levar pela experiência.

Parte da ideia vem de uma revista em quadrinhos da Boom! Studios (que nasce no começo dos anos 2000 com a intenção de fazer essa ponte entre HQs e cinema, mas nunca emplacou), escrita por Cullen Bunn e desenhada por Vanessa R. Del Rey. Mas a série de seis números só fornece mesmo o título e uma leve ideia inicial, já que caminha mais por uma epidemia que é batizada de “Empty Man”.

O Mensageiro do Último Dia | Um terror esforçado

No filme o tal “Empty Man”, que no Brasil ficou batizado como “Mensageiro”, é na verdade uma espécie de lenda urbana que ataca jovens que assopram uma garrafa de frente para alguma ponte. Tudo bem, pode parecer aleatório, mas o roteiro de David Prior consegue construir direitinho a ideia. Melhor ainda, faz isso ter realmente ares de lenda urbana e provoca os espectadores com o resultado disso transformado em alguns bons sustos e um clima interessante.

Mas O Mensageiro do Último Dia não é sobre isso. Na verdade, é sobre uma jovem que “sopra na garrafa”, mas ao invés de aparecer morta, simplesmente some. O que se torna um caso para o ex-policial com a vida bagunçada e atual vizinho dela, que sai em uma investigação para encontrá-la, o que acaba fazendo ele dar de frente uma espécie de instituto com cara de cientologia, mas com um pouco mais de mistério e menos de sci-fi.

No final das contas, o roteiro de David Prior (que também dirige), vai indo por esse caminho de detetive descobrindo um mistério que não consegue explicar e culmina em um lugar à la Coração Satânico, mas com menos qualidade. Isso não quer dizer que O Mensageiro do Último Dia seja ruim, só não é tão novo assim, entretanto faz isso com propriedade e amarra direitinho toda mitologia que constrói, mas no final deixando a impressão de correr para qualquer lugar só para enganar o espectador. Mas com certeza quem estiver mergulhado na história irá ficar satisfeito, surpreso e sairá feliz do final do filme.

Ainda assim, esse pessoal que “sobreviver” vai ter que passar por uma provação no meio do filme, mais longo do que deveria e perdido em uma vontade grande demais de levantar questões e dúvidas sem que elas pareçam ser realmente interessantes para o resto do filme. Enquanto o começo do filme é interessante e curioso, principalmente por parecer que não se ligará diretamente ao resto da história, talvez demore tempo demais para que as duas pontas se liguem, o que pode chatear quem estava em busca de um terror mais convencional, linear e menos desafiador.

A direção de Prior, que vem de um monte de documentários e “making-ofs” de grandes produções, consegue ser interessante e direta, mesmo sem muito para mostrar ou criar. Mas pelo menos ela constrói o clima certo para o filme, que não é tão grande quanto gostaria, mas ainda assim tem seu charme, suas ideias interessantes e sua possibilidade de agradar os fãs, mesmo quase sendo vítima da rejeição de todos que tinham a possibilidade de tentar vende-lo melhor para o público.


“Empty Man” (EUA, 2020); escrito e dirigido por David Prior, a partir da história em quadrinhos de Cullen Bunn; com James Badge Dale, Marin Ireland, Sasha Frolova, Samantha Logan, Evan Jonigkeit, Virnigia Kull, Robert Aramayo, Ron Canada e Jessica Matten.


Trailer do Filme – O Mensageiro do Último Dia

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