*o filme faz parte da cobertura da 43° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
[dropcap]O[/dropcap] Pai é um filme que vai se percebendo o drama aos poucos. Ninguém está narrando a história, então você terá que acompanhar os detalhes pelos diálogos. E depois de um filme inteiro, sua última frase dá novo significado a tudo o que havíamos visto anteriormente.
A história é simples: Pavel (Ivan Barnev) precisa urgentemente voltar para seu trabalho e casa após o enterro da mãe, mas seu pai, Vasil (Ivan Savov), está agindo estranho e precisa da proteção do filho nesse momento frágil. O filme gira em torno do filho tentando se livrar do pai sabendo que ele está seguro, e talvez esse seja o ponto mais fraco do longa: é óbvio que seu pai não estará seguro por boa parte da história.
Este é um trabalho em conjunto de dois diretores e roteiristas búlgaros Kristina Grozeva e Petar Valchanov. Ambos estudaram na mesma academia de cinema, e já trabalharam em vários projetos. Eles realizam uma comédia de situação que se transforma em um drama sem ninguém forçar nada no roteiro. Acompanhar a história é tão natural que parece fácil chegar nesse nível de fluidez.
E isso porque há vários elementos que são iniciados e vão sendo explorados em paralelo. O mais tocante é o pedido da mulher de Pavel: trazer uma geleia caseira de um sabor específico. Esse pedido vai sendo realimentado pela história em vários momentos que soam naturais – uma cena em uma delegacia parece o ápice dessa piada, mas não termina por aí – e é justamente isso que torna O Pai um filme que vai te levando sem você nem perceber direito.
“Bashtata” (Bul/Gre, 2019), escrito por Kristina Grozeva, Decho Taralezhkov e Petar Valchanov, dirigido por Kristina Grozeva e Petar Valchanov, com Ivan Barnev, Ivan Savov e Tanya Shahova.