O Procurado Filme

O Procurado | Atira para onde o nariz apontar

O Procurado, adaptação (quase livre) da mini-série em quadrinhos de Mark Millar e J.G Jones ainda vem na esteira de outros heróis saídos do papel, a grande diferença aqui é que, nem a série é tão conhecida pelo grande público, nem o filme vai ser muito reconhecido pelos fãs da HQ.

E talvez esse já seja o primeiro acerto da produção, já que no quadrinhos Millar e Jones presenteiam os leitores com uma grande paródia ao gênero, violenta e ácida, sem medo de se tornar caricata, coisa que, sobre nenhuma possibilidade, aconteceria no cinema, ainda mais com um público desacostumado a paródias desse tipo (habituados, infelizmente, a coisas do tipo Todo Mundo em Pânico). Com isso, jogar praticamente toda história no lixo e partir na direção de uma outra trama, possibilita que ambas obras possam ser apreciadas por suas muitas qualidades. Na verdade, até como obras distintas.

O roteiro de Michal Brandt, Dereke Hass (ambos de Velozes e Furiosos) e Chris Morgan (responsável pelo texto do terceiro filme da mesma série), coloca de lado todo aspecto super-heroico dos gibis e, ao invés de uma fraternidade de super-vilões, agora o herói (?) Wesley Gibson, vivido por James McAvoy, se descobre herdeiro do legado em uma fraternidade de assassinos, já que seu pai, sumido desde sua infância e principal assassino dela, morreu.

O trio de roteiristas faz um ótimo trabalho na estruturação do seu roteiro, extremamente quadrado (do jeito que Hollywood adora), com seus pontos de viradas nos fins dos atos, os obstáculos a serem ultrapassados no meio do filme e a conclusão levando ao retorno do Status Quo. Ainda acertam em cheio em criar um enredo, que, por mais estapafúrdio que possa parecer, é muito bem amarrado, deixando toda besteira viável, e torcendo poucos narizes (perto dos que poderia torcer).

Mas, com certeza, o que faz O Procurado mais bacana é o apuro visual do diretor russo Timur Bekmambetov, que apareceu a pouco tempo atrás com Guardiões da Noite. Em seu primeiro filme americano, o diretor mostra mais uma vez que sobra em estilo e consegue se dar muito bem criando uma narrativa totalmente apoiada nisso, com suas grande sequencias anti-gravidade, slow-motions, e planos detalhes modernosos.

O cineasta ainda acerta na mosca (ou nas asas da mosca, como um dos personagens do filme) quando joga nas costas do trio de protagonistas quase toda responsabilidade de deixar tudo aquilo crível para o espectador, coisa que acontece na maior naturalidade. McAvoy , em mais um ótimo papel, consegue equilibrar perfeitamente toda fragilidade do personagem, em seu começo com todo resto, quando ele se torna “O Cara”. Ao seu lado, Angelina Jolie faz o que sabe fazer de melhor, espalhar charme pela tela, sempre com um sorriso constante no canto da boca. Por fim Morgan Freeman, como Sloan, chefe da organização, parece muito mais um iceberg, sólido e frio, sem nem uma linha fora do personagem.

O Procurado é uma ótima pedida para quem gosta de um blockbuster moderno e visual, que ainda não se preocupa nem um pouco em ser politicamente correto, apenas atirando para onde o nariz apontar, ou nesse caso até fazendo a bala fazer uma curva.


Wanted ( EUA/ Ale, 2008) escrito por Michael Brandt, Derek Haas e Chris Morgan a partir da HQ de J. G. Jones e Mark Millar, dirigido por Timur Bekmambetov, com James McAvoy, Angelina Jolie e Morgan Freeman


1 Comentário. Deixe novo

  • Narayana
    30/08/2008 16:13

    Não adianta, vc não me convenceu, continuo achando o filme ruinzinho…

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