É inquestionável o prazer de “descobrir” um filme. Aqueles momentos onde você vai em busca de uma concha, mas acaba encontrando uma pérola. E isso fica mais gostoso ainda quando se dá de cara com um daqueles “filmes de gênero” que mostram exatamente o que poderia estar sendo feito em larga escala, mas parece só ocorrer naquele cantinho escuro de Hollywood onde ninguém está vendo. O Sinal: Frequência do Medo é um desses exemplos.
Em linhas gerais, O Sinal é um ficção científica que começa com uma espécie de “cyber suspense”, brinca de Bruxa de Blair (literalmente) e aos poucos vai se transformando uma ficção científica com tudo aquilo que o gênero pede: alienígenas, uma conspiração, um monte de mistérios a serem desvendados, um par de reviravoltas fantásticas e, no final de tudo, um desfecho “mind blowing”.
O filme então começa com esses três amigos cruzando o país para levar um deles para uma faculdade na Califórnia, mas a viagem é interrompida quando dois deles resolvem desvendar o paradeiro de um misterioso hacker que invadiu os servidores de sua faculdade. Mas esse encontro se transforma em um pesadelo quando os três então acordam em uma espécie de complexo misterioso onde são examinados e testados.
E sim, você amante do gênero já deve ter visto um punhado de premissas semelhantes, mas em O Sinal, tudo isso segue um rumo igualmente interessante, intrigante e que dá respostas. E talvez esse seja um dos grande acertos do roteiro do diretor William Eubank em parceria com Carlyle Eubank e David Frigerio: chegar a algum lugar.
Nada de mistérios ou revelações com pseudo-respostas, a cada passo que a trama dá o espectador ganhar mais uma peça desse quebra-cabeça. E no final, a imagem que se cria não só faz sentido, como é divertida e vale cada segundo de filme.
O outro ponto firme do filme é esse monte de nomes desconhecidos por trás da produção, o que permite que, principalmente a direção de Eubank, provoque o espectador com um visual rebuscado, ágil e que não deixa de se divertir com nenhuma possibilidade. E isso quer dizer algumas das cenas de slow motion mais bacanas e sinceras que você irá ver por aí.
O Sinal: Frequência do Medo é ainda mais uma prova de que o futuro dos filmes de gênero (terror, sci-fi etc) está muito mais perto do que todos imaginam; está logo ali, no cinema independente, sem grana e com muita vontade de contar uma história, e quanto mais ela for espetacular, mais as chances de algum diretor novato e inexperiente acabar fazendo um trabalho imprevisível e que quase sempre salva o fã da mesmice do gênero.
“The Signal” (EUA, 2014), escrito por Carlyle e William Eubank, dirigido por William Eubank, com Patrick Davidson, Brenton Thwaites, Olivia Cooke, Beau Knapp e Laurence Fishburne