Objetos de Luz | Um porre descomunal

Filmes bons de quatro horas de duração podem ser curtos demais. Porém, Objetos de Luz, com sua pouco mais de uma hora, é longo demais. E depois de cinco minutos de projeção ele já dá poderes a qualquer espectador itinerante de rotulá-lo com muita propriedade como um porre descomunal.

Esta é uma reflexão sobre a luz (trocadilho proposital) trazida por um diretor de fotografia, Acácio de Almeida (do filme Raiva, entre dezenas de outros), auxiliado pela atriz Marie Carré. O filme é movido a recortes de outros filmes, montagens com imagens do espaço e suas infinitas estrelas, trilha sonora constante e narrações em off para dar uma perspectiva do assunto. Há infinitos artifícios narrativos menos a própria protagonista: a luz.

É como se participássemos daquelas salas temáticas de arte moderna, mas no lugar da obra há um auxílio sonoro e recortes de jornal espalhados no recinto. Imagine essa galeria. Está escrito em um letreiro bem grande lá fora: LUZ. Dentro há depoimentos, textos a respeito, recortes de jornal. E tudo isso disponível em uma sala escura.

É mais ou menos assim que você irá se sentir a bordo desta jornada em direção a coisa nenhuma. Uma ode à ignorância, talvez? A narração indica que sim. O texto faz analogias com DNA e fótons e ao mesmo tempo usa rimas de recursão, como “um filme aprisiona a luz e outra luz depois é necessária para libertá-la”. Tudo isso é dito sem nenhuma vergonha. Pelo contrário. Há um certo orgulho e até um tom de grandiosidade. É como se Michael Bay, aquele diretor de filmes de explosões aleatórias, tivesse virado um minimalista e abraçado a arte moderna. Este seria um filme assinado por ele nessa sua nova era.

Breve (graças a Deus), se você encontrá-lo na programação de algum festival (no meu caso na Mostra SP) assista a Objetos de Luz quando só tiver uma hora e meia entre sessões que realmente tentam fazer algo pelo cinema.


“Objectos de Luz” (Por, 2022); escrito por Marie Carré, Regina Guimarães e Acácio de Almeida; dirigido por Marie Carré e Acácio de Almeida; com Isabel Ruth, Luís Miguel Cintra e Acâcio Almeida.


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