Os Infiéis captura tão bem a essência das traições do ponto de vista dos homens que deverá acabar sendo mal visto por todos que o assistirem, mesmo que gostem. Desculpem, é a lei. Hoje em dia não dá pra gostar de filmes com muita verdade. Sujeito a multa.
Com uma hora e meia que passa voando, essa série de curtas protagonizados pelo mesmo elenco em diferentes papéis já tinha sido tentado em um filme de 2012 estrelando Jean Dujardin (nos créditos consta como “levemente inspirado” neste). A mensagem é que homens são mais do mesmo. No final até mulheres são, se você bobear. Os homens vão dominar o mundo ainda. Espera só essa onda de femismo acabar.
As piadas não funcionam tão bem quanto as análises instantânea da natureza humana, percorrendo cada afiado diálogo. Você entende que tudo aquilo é um exagero de atuações sobre a eterna guerra dos sexos, mas é tão familiar que parece um documentário.
E por que as mulheres se preocupam tanto com a fidelidade dos seus machos? Às vezes fica difícil acompanhar os malabarismos da lógica femista do novo século. Somos independentes, mas não nos machuque nem compartilhe nosso patrimônio com outra mulher.
Pera. Nosso?
Depois de assistido, você irá se lembrar mais do episódio no hotel, porque ele é ágil, verdadeiro e tragicômico na medida certa. A direção de Stefano Mordini flui durante todo o filme, mas nesses minutos seu poder de compactação atingo o máximo. A história beira o surreal, mas todos entendemos o que está nas entrelinhas vermelhas. O macho alfa não pede muitas desculpas e a mulher fica com cara de tonta. A enganada. Mas o que passa despercebido é que o homem não está nem aí que a mulher curta também seus momentos de prazer terceirizado.
Como deveria ser, aliás.
“Gli Infedeli” (Italia, 2020); escrito por Filippo Bologna, Riccardo Scamarcio e Stefano Mordini; dirigido por Stefano Mordini; com Riccardo Scamarcio, Valerio Mastandrea e Laura Chiatti.