É difícil entender como funciona a mente das distribuidoras de filmes no Brasil, não pelos atrasos de lançamentos, nem tantos outros problemas, mas sim pelo problema que, talvez, mais me deixe incomodado: Seus títulos (e subtítulos).
Muito provavelmente esses digníssimos senhores que escolhem os títulos nacionais, ou não vão ao cinema, ou estão se divertido às custas dos coitados espectadores e funcionários dos cinemas, que precisam passar por situações constrangedoras ao anunciar seus filmes. Mas toda essa enrolação para tentar entender como “The Avengers” vai chegar ao Brasil com o título de “Os Vingadores – The Avengers” (ou vice-versa).
(um tempo para respirar antes de começar a xingar todos e perder a razão!) Talvez a ideia seja instruir o seu público, já que com o ingresso do cinema tão caro (ainda mais em 3D) por que não permitir que o espectador saia do cinema com um micro aula de inglês? Já que, pasmem aqueles que não sabem falar a língua de Shakespeare, to avenge é a tradução literal de vingar (com isso avenger, de vingadores).
Por essa mesma lógica teríamos “Iron Man – Homem de Ferro” e “Spider-Man – Homem Aranha” (ops, esse vai ser lançado um novo e espero que as distribuidoras não engravidem com essa ideia), uma lógica que, por sorte privaria o “Thor” desse pleonasmo bilíngüe e imbecil, mas não vai salvá-lo dos cartazes nos cinemas quando se juntar aos Vingadores.
Muito provavelmente essa escolha se dê por razões mercadológicas, para facilitar a manufatura de copos de brinde em cinemas, ou nos bonequinhos que virão junto com o Mc Lanche Feliz, já que tudo poderia então ser aproveitando do material original (ou do resto dele). Ou simplesmente para aproveitar a marca e globalização do material, seguindo a mesma tendência que extirpou o nome daquele rapaz de capa vermelha que mora em Metrópolis, que se tornou o Superman há pouco tempo atrás, depois de décadas de Super-Homem.
Nos cinemas, esse fenômeno atingiu uma “galáxia muito distante”, já que Luke, Han Solo e companhia não mais fazem parte da “Guerra nas Estrelas”, mas sim do “Star Wars” (tanto o filme em 3D recente, quando as coleções de Blu-rays e DVDs há anos estampam apenas o original em inglês). Não que isso seja ruim, afinal é uma decisão, e uma decisão quando mantida não se deixa ser discutida, o problema seria se o nome fosse mudado para “Star Wars – Guerra nas Estrelas”.
E é ai que voltamos aos heróis da Marvel, publicados no Brasil desde os anos 60 com esse nome e que, mesmo passando por diversas editoras, sempre mantiveram “Os Vingadores” como título, mas que, aparentemente, com a chegada dos filmes deixaria duas opções para sua distribuidora: continuar com Vingadores, ou chutar o pau da barraca e lançar “The Avengers”. É claro que qualquer um em sã consciência optaria pela primeira, mas com certeza todos reclamariam e, por fim, entenderiam as razões ($$) da escolha do título original. Usar os dois nem mesmo seria uma opção!
O engraçado é ver essas mesmas distribuidoras brigando com seus espectadores diante da dúbia decisão de encher suas salas de cinema com cópias dubladas, afinal ninguém é obrigado a saber inglês, enxergar (no sentido de cego mesmo) ou saber ler para ver seus filmes, mas pelo jeito não se importam que essas mesmas pessoas aprendam a pronunciar o nome do filme em sua língua original, mesmo que a expressão seja largamente usada em português nos últimos 40 anos.
Mas talvez eu seja um daqueles defensores da tradução literal da maioria dos títulos (quando é possível e não se torna idiota, e para isso inventaram um negócio chamado “bom senso”), e até concordo que “Shaun of The Dead” era um trocadilho que atingiu as distribuidoras em cheio e “Todo Mundo Quase Morto” se não é correto (e sempre soa imbecil) é um esforça válido. Assim como se “Shame” fosse lançado por aqui como “Vergonha” não faria mal nenhum.
É claro que essa discussão talvez pudesse se estender por mais alguns parágrafos contendo todo meu incômodo físico quando me deparo com algum subtítulo (e que faz com que todo segundo filme no Brasil, se torne, antes de qualquer coisa “… 2 – A Missão”), mas antes disso ainda vou esperar para ver o lançamento oficial e torcer para que até lá a distribuidora mude de ideia, mesmo tendo poucas esperanças de que isso irá acontecer.
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Bacana, gostei muito do artigo