Adoro filmes assim, de um tema só. Curto e visceral, Pedregulhos lida com violência, mas também com rotina. Não sabemos ainda. É nossa primeira vez. Os pingos nos “is” são colocados apenas no seu final.
Tudo começa com o pai nervoso. Ele vai na escola do filho e o arrasta para a aldeia de sua mãe. Ela não quer mais voltar para a família. Uma briga feia aconteceu. Vemos pela nova briga com os familiares da esposa. Também percebemos que o pai nervoso é esquentadinho. O filho apenas acompanha calado, mas seu silêncio fala mais que o mundo.
Pedregulhos segue um ritmo constante com mensagens no decorrer da jornada de volta que não apenas é de descoberta do espectador, mas também nos permite observar a atmosfera desse lugar bem pobre da Índia. Este é o interior. Não estamos nas capitais nem haverá dança. Mas aprendemos como caçar e assar ratos entre os mais desafortunados da região. “Desafortunados” não quer dizer miseráveis. Há uma diferença. Eles não estão furiosos como o pai nervoso que não tem mais uma família. Eles dançam o ciclo da vida com pertencimento. E isso basta. Quer um pedaço de rato?
Os personagens são mecanismos para entendermos a história, mas suas personalidades são acidentes geográficos na paisagem inóspita indiana. O trabalho do diretor e roteirista P.S. Vinothraj é harmonizar a crueldade da vida com rimas e poesia. Uma pedra na bochecha de uma criança e a escrita na rocha são pistas da rotina desse universo que observamos rapidamente, pouco mais de uma hora. É econômico e ao mesmo tempo inesquecível.
“Pebbles” (Ind, 2021), escrito e dirigido por P.S. Vinothraj; com Chellapandi e Karuththadaiyaan.