Sem muitas delongas, Presságio é um daqueles filmes para serem esquartejados e analisados pedaço por pedaço, ou melhor, aspecto por aspecto. Mesmo que com isso, no fim das contas e para sua própria infelicidade, a balança acabe pendendo para um lado não muito bom, mas que, mesmo assim, deixe um monte de coisas para serem apreciadas.
A começar por sua trama, que parece não entender para que lado tem que ir, todo o resto do filme pode ser tanto apreciado, quanto odiado, e tudo isso em apenas uma mudança de quadro. Em linhas gerais, Presságio é sobre um cara que ainda não conseguiu se recuperar da morte da esposa, afundado em um ceticismo científico (que será obviamente quebrado) e criando o filho sozinho. A história tem início quando o pequeno acaba dando de cara com uma carta cheio de números em uma capsula do tempo de cinquenta anos atrás, mas que, aparentemente, prevê todas catástrofes do último meio século (e ainda algumas que estão por vir). Tudo por meio de suas datas, número de mortos etc.
É lógico que Presságio logo de cara captura o público diante dessa premissa mais que interessante, ainda mais quando o diretor Alex Proyas sabe segurar todo mistério por trás disso e não se cansa de “brincar” com o público desviando a atenção de todos enquanto vai esfregando as pistas que vão sendo mostradas em suas caras. Na verdade, esse esforço até ruma para um desfecho interessante, mas tudo parece se perder em algum momento mais misterioso ainda.
Talvez pelo roteiro que não consegue acabar o filme e resolve se arrastar por uma eternidade, rodando como um pião sem chegar a lugar nenhum, ou até diante de suas horríveis atuações, encabeçadas por Nicolas Cage em um de seus piores papeis (e olha que isso é difícil). Talvez até pela falta de criatividade no desfecho inevitável daqueles misteriosos homens de preto. A única certeza é que dessa mistura toda, algo desanda e cada um dentro do cinema vai acabar se irritando com o filme em algum momento diferente.
E tirando a espetacular sequencia da queda do avião, toda filmada sem cortes (logicamente cheia de efeitos digitais, mas ainda assim extremamente impactante e nervosa) e o fim que vai até onde filme catástrofe nenhum jamais teve coragem de chegar (na verdade dois fatos que por sí só merecem uma ida ao cinema), Presságio não empolga e vai deixar muito gente querendo, pelo menos, um pedaço do dinheiro do ingresso de volta.
PS: Como não consegui encontrar no texto um local apropriado para isso vou deixar aqui, nesse adendo, minha total indignação com Nicolas Cage caindo de joelho e fazendo cara de espantado em uma das sequencias mais vexatórias que eu tive a infelicidade de presenciar no cinema… que vergonha Sr. Cage, já passou da hora de voltar a honrar seu “careca dourado”.
Knowing (EUA, 2009) escrito por Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden e Stiles White, dirigido por Alex Proyas, com Nicolas Cage, Chandler Canterbury e Diana Wayland
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[…] cabeludo guiando um avião cheio de detentos, ou salvando o mundo com Sean Connery em Alcatraz, tendo premonições ou em busca de algum tesouro perdido. Troque seu cabelo que ele agora sai em busca […]
[…] Proyas, pelo menos, volta à cadeira de diretor depois de Presságio (em 2009) e encontra dinheiro suficiente para criar um Egito antigo bonitão e de encher os olhos, […]