Além de praticamente não fazer sentido algum, Projeto X – Uma Festa Fora de Controle sofre com a pretensão de ser um daqueles filmes onde um punhado de fitas achadas em algum lugar são mostradas para o público, mas ao invés de monstros e outra bobagens, o personagem principal aqui é uma festa. E que festa!
Pretensão, por que o diretor estreante Nima Nourizadeh não teria a mínima necessidade narrativa de optar por esse tipo de “estética câmera na mão”, e pior ainda, talvez ele nem sequer perceba que, além de não dar uma razão suficientemente forte para que esse “documentário amador” seja gravado, durante a maioria do tempo esquece completamente disso e apela para imagens completamente normais, vários ângulos diferentes, iluminação diferente (e até slow motion) para contar a história dessa festa (E que Festa!).
E essa baita dessa festa acontece para celebrar o aniversário desse garoto de 16 anos, Thomas, loser até o último fio de cabelo, já que até seus pais concordam com essa falta de sociabilidade, mas que, mesmo assim, o deixam sozinho em casa enquanto viajam para comemorar seu aniversário de casamento. O tal do projeto X como seu melhor amigo, Costa, apresenta essas filmagens é conseguir fazer essa enorme festa (e que Festa!) e assim conquistar aquela popularidade que move 9 entre 10 adolescentes das high schools americanas.
Sem muita cerimônia (o que depõe a seu favor), Projeto X é simplesmente isso: esse três adolescentes (existe ainda um outro amigo gordinho), essa mansão vazia e essa festa com pretensões de ser a maior de todas as festas (e que consegue!) até que ela parece sair completamente do controle e se transformar em um monstro envolvendo todo bairro em chamas, a polícia, um traficante em busca de um gnomo e até um cara sem camisa cavalgando pelo caos (mesmo que esse último não faça o menos sentido).
No meio disso tudo a dupla de roteiristas Matt Drake e Michael Bacall (que escreveu Scott Pilgrim contra o mundo e atuou em filmes como “Bastardos Inglórios”) pouca fazem para que Projeto X seja uma comédia, apenas apostando nesse enorme número de situações bizarras para que, no escuro do cinema, o espectador possa dar meia dúzia de gargalhadas e, mesmo assim, todos diante de situações muito mais ultrajantes do que, realmente engraçadas. Seja um anão em um forno ou algumas ofensas entre seus personagens, a única coisa que realmente diverte é ver essa festa (e que Festa!), aos poucos, sair do controle.
Ao mesmo tempo em que todo caos toma conta dessa festa (e que festa!), Projeto X parece se contentar em ser apenas esse enorme vídeo-clipe que, praticamente, se censura em termos de sexualidade e não consegue nem arranhar as possibilidades que teria, e que exemplos como “American Pie” fazem com muito mais precisão. Projeto X mostra então seu punhado de seios, mas de modo quase conservador e ignora toda sexualidade que essa festa parece ter tido. De modo surpreendente, os créditos finais relatam que um dos personagens pode ter engravidado até mais que uma garota, sem que durante todo filme nem uma desses momentos seja sequer esbarrado pela câmera de Nourizadeh.
Entretanto, essa mesma covardia conservadora, passa quase despercebida graças a segurança com que Projeto X – Uma Festa Fora de Controle não se deixa cair em uma hipocrisia que atinge a enorme maioria de produções adolescentes com o mesmo tema. Aqui, não há lição de moral e o protagonista sobe no telhado para enfrentar, com os dois dedos do meio em riste, o helicóptero da imprensa, cercado por esse plano aberto, onde ao redor de sua casa o mundo parece destruído por alguma revolução, já que ele tem certeza que seu objetivo foi alcançado e até seu pai se mostra levemente feliz ao saber que seu filho conseguiu fazer essa festa (e que Festa!). Um orgulho que pode até soar condescendente (já que a situação do pai, que tem que segurar todos estragos do filho, e não são poucos), mas mostra que, sem dúvida nenhuma aquela foi uma festa para se respeitar.
Projeto X – Uma Festa Fora de Controle é então raso como um aceno de mãos no corredor da escola, ou como o respeito artificial desse monte de adolescentes gritando o nome do protagonista, que ainda por cima fica com seu grande amor de infância para completar o pacote, já que depois de tudo isso, dessa enorme festa, que mesmo sendo homenageada em todos os parágrafos desse texto (com “F” maiúsculo de tudo mais!) e ainda assim não conseguindo ser respeitada em toda sua grandeza épica, não poderia ser esquecida por uma casa arrumada no dia seguinte, ou uma lição de moral, mas sim ser lembrada como uma baita de uma Festa!
Project X (EUA, 2012) escrito por Matt Drake e Michael bacall , dirigido por Nima Nouzideh , com Thomas Mann, Oliver Cooper, Jonathan Daniel Brown, Dax Flame, Kirby Bliss Blanton e Miles Teller.
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4 Comentários. Deixe novo
O melhor filme que eu ja assisti! muito massa…. ;D
Um dos melhores filmes que eu ja vi… Uma festa realmente LOUCA!
maneiro
Estamos vivendo em uma época em que precisamos construir valores positivos, principalmente entre os jovens e infelizmente o que vemos nesse filme é o oposto. O que eu quero dizer é o erro de idéia que o filme passa. Você sai do filme com a sensação de que toda aquela loucura, caos e falta de respeito ao patrimônio público e privado é normal e correto e que os adolescentes são um bando de lunáticos e pirados ao ponto de destruir todo o bairro e ainda virarem celebridade na escola e na tv e ao mesmo tempo as consequências trágicas que uma festa sem ordem pode chegar, e realmente a mensagem final que o filme nos passa é essa: “JOVENS FAÇAM ISSO PORQUÊ VOCÊS SÃO JOVENS”, infelizmente se o final de
” PROJETO X” UMA FESTA FORA DE CONTROLE tivesse sido outro com certeza teria sido um bom filme. abraços a todos!