Há quem diga que tamanho importa. Talvez em Hollywood isso seja uma verdade maior do que em outros lugares da vida, mas, ainda assim, isso pode não ser uma verdade tão clara assim. Mas Resgate 2 tem certeza disso e, por isso, vai lá e faz um filme maior para agradar os fãs do primeiro. Mas não precisava.
O primeiro filme da Netflix ficou até algum tempo no topo da lista dos mais vistos da plataforma, portanto a expectativa era enorme. Muito provavelmente também isso seja preenchido pelo tamanho desse segundo, o que é suficiente para valorizar os acertos do filme. Mas realmente tudo isso não era necessário e, em alguns momentos, até prejudica a experiência.
Isso, com absolutamente todo mundo de volta ao filme. Do trio de roteiristas (entre eles os irmãos Russo de Vingadores) até o diretor Sam Hargrave e a estrela Chris Hemsworth, e o melhor, com todo mundo voltando a entregar tudo aquilo que tinha no primeiro e mais um pouco. Logicamente, com uma trama que caberia em um guardanapo, mas que é só um detalhe.
Como todo mundo deve imaginar, o herói Tyler Rake (Chris Hemsworth) não está morto, está bem quebrado, mas depois de uma montagem de hospital, fisioterapia e aposentadoria em um lugar ermo, ele acaba recebendo uma proposta que não tem como negar. Quem leva a notícia para ele é Idris Elba no papel de gravação do Missão Impossível, só faltou explodir no final da fala.
Mas o que importa é que Tyler então tem a missão de resgatar a família de um mafioso da Geórgia (país ao sul da Rússia e norte da Turquia) que está com ele “vivendo” dentro de uma daquelas cadeias com cara de esteriótipo, bagunçada e selvagem, mas organizada o suficiente para que Tyler e sua equipe consigam transitar pelos corredores e dar início ao grande plano sequência que marcará o filme. E nesse caso, tamanho importa sim!
Enquanto no primeiro Hargrave acompanhou o herói pelas ruas de Bangladesh, por prédios e até alguns carros enquanto ele descia porrada em algumas dezenas de capangas por vinte e poucos minutos fingindo não cortar nenhuma vez, agora a ambição é maior. Maior o suficiente para os jogadores de videogame ficarem com a impressão clara de que poderiam estar com um joystick em mãos. Já que nunca chegou perto de um jogo de ação como Uncharted ou Call of Duty, é exatamente aquilo que está no filme que os jogadores gostam tanto diante desses jogos.
A cena que parece começar lenta nos corredores da prisão, cresce de tamanho exponencial e envolve, não só uma multidão (literalmente), como também coloca o espectador por quilômetros e mais quilômetros de ação desenfreada, seja a pé, por carro e dentro de um trem. E ela realmente só acaba quando o próprio trem descarrilha com você, Tyler e seus amigos dentro dele.
Depois do primeiro filme, Resgate 2 sabe que tem por obrigação ser maior e é. O resultado é impressionante e vai valer o filme, mesmo que o que venha depois não seja tão interessante assim. Não por ser ruim, mas por se permitir ser meio óbvio, só estando lá para deixar mais umas três vezes o diretor ter liberdade suficiente para cenas de ação e tiroteios absolutamente bem coreografas e filmadas. Um roteiro que passa por um vilão muito mau, um jovem equivocado, tudo raspando no passado do protagonista, assim tudo fica mais pessoal. O que não ajuda seu desenvolvimento, já que o que mais interessava no primeiro era, justamente, essa questão dele ir se aproximando do menino resgatado a partir de um sentimento de culpa pela perda de seu filho. Com tudo isso exposto, a ideia fica comum.
Mas isso não é um problema, é fácil adivinhar boa parte de tudo que vai acontecer. Mas são muitas cenas de ação, muito maiores e mais divertidas, talvez mais vazias e dentro de um roteiro mais estabanado e preguiçoso, mas isso não atrapalha. Enfim, realmente, por mais que a gente tente ditar o contrário, em Hollywood e nas mãos de gente com vontade de divertir seus espectadores, tamanho importa mesmo.
“Extraction 2” (EUA, 2023); escrito por Joe Russo, Ande Parks e Anthony Russo; dirigido por Sam Hargrave; com Chris Hemsworth, Golshiftech Farahani, Adam Bessa, Tornike Gogrichiani, Tornike Bziava, Tinatin Dalakishvili, Andro Japaridze, Daniel Bernhardt, Idris Elba e Olga Kurylenko
SINOPSE – Depois de sobreviver ao primeiro filme, o mercenário Tyler Rake agora terá uma missão que traz de volta alguns fantasmas de seu passado.
