Roma, cidade aberta não foi o estopim do neo-realismo italiano, mas foi o primeiro filme a se enquadrar totalmente nessa estética que tentava levar um pouco de verdade para dentro das telas de cinema, e isso Roberto Rossellini faz com primazia.
Desde a arrepiante morte de Anna Magnani, alvejada por soldados nazista enquanto corria atrás de seu amor, até o choro mais que sincero do padre, vivido por Aldo Fabrizi, aos pés do herói da resistência, torturado até a morte, tudo parece saltar da tela de um modo quase visceral de tão verdadeiro. Rossellini caminha com sua câmera entre os personagens sem parecer dar mais importância para uma ou outra história, mostrando uma Roma interrompida pela guerra, do insurgente disposto a acabar com essa repressão à dançarina apenas preocupada em melhorar sua imagem, como se no fim, de um modo inevitável, todos caíssem diante do mesmo inimigo, mesmo sem perceberem isso.
Rossellini encara seus personagens de frente de um jeito poderoso, descobrindo na arte, uma das maiores armas contra tudo que acontecia ao seu redor. Em uma Itália que ainda chorava com a guerra, tentando aplicar um pouco de esperança naquele povo sofrido.
Roma, cíttà aperta (1945) escrito por Sergio Amidei e Frederico Fellini, dirigido por Roberto Rossellini, com Anna Magnani, Aldo Fabrizi e Marcello Pagliero