[dropcap]M[/dropcap]esmo com todas as expectativas, talvez não fosse uma surpresa tão grande caso Se Beber Não Case 2 não conseguisse atingir o mesmo objetivo do primeiro filme, afinal, por definição, se trataria da mesma história, com os mesmo personagens, e, provavelmente, com as mesmas reviravoltas. A surpresa então é se dar conta que o filme acaba sendo tão bom quanto o primeiro.
E ainda que o papo de “time que está ganhando não se mexe” possa vir à cabeça, não seria a primeira vez que, dentro do cinema, essa máxima iria pelos ares. A diferença aqui é, justamente, que o primeiro filme se esforçou tanto para desconstruir um gênero que essa continuação, mesmo sendo uma copia exata, tanto em termos de estrutura, quanto narrativos, de personagens e situações, ainda continua sendo moderna e diferente de tudo.
Em linhas gerais, a única mudança está no roteiro, onde sai a dupla do primeiro e entra o próprio diretor Todd Phillips em parceria com Craig Mazin (que vem envergonhando o mundo no texto dos últimos Todo Mundo em Pânico) e Scot Armstrong (velho parceiro de Phillips no roteiro de Caindo na Estrada e Starsky e Hutch). O grande acerto porém, não é mudar de ares, mas sim elevar o problema dos três amigos que acordam em um quarto sem saberem o que aconteceu na noite anterior a um degrau mais alto.
Se logo de cara a conversa entre o personagem de Bradley Cooper a esposa de um deles resulta em linhas como “aconteceu outra vez!”, “O que há com vocês três?” e “É um pouco pior do que isso”, o que Phillips faz é criar a expectativa de um desastre enormemente cômico, e quando o espectador se dá conta que ele tem início em uma inocente fogueira à beira da praia e termina em Bangcoc, o melhor mesmo é apenas sentar na poltrona do cinema e se divertir nessa viagem insólita
Tudo começa com o casamento de Stu, o dentista vivido por Ed Helms, que se apaixona agora por uma tailandesa e acaba tendo que ir até seu país de origem para a cerimônia, na bagagem, apenas os dois melhores amigos Doug e Phill (Justin Bartha, que ficou perdido no primeiro filme e Cooper). Alan, o psicótico atrapalhado vivido por Zach Galifianakis acaba indo como um favor, já que, ao saber da notícia se trancou em seu quarto por depressão. O quarteto ainda ganha a companhia do cunhado de Stu, um gênio de dezesseis anos, maior orgulho do pai e que estuda nos Estados Unidos.
A solução para não deixar Se Beber Não Case 2 ser uma simples cópia está tanto no diálogo com o primeiro (a ida ao terraço, o sumiço aparente do personagem de Bartha e mais um monte de outros detalhes, assim como a presença do engraçadíssimo Ken Jeong, mais uma vez como o bandido Mr. Chow) quanto na escolha do cenário e nas possibilidades que ele dá a essa história. O “wolfpack” formando por Stu, Doug e Alan acorda no meio de Bangcoc, em um quarto sujo e decadente e isso é só o começo, já que o cenário é perfeito, em todo seu colorido caótico de terceiro mundo, vivo e com cara de perigoso. Perto de Bangcoc, Las Vegas é um playground e o diretor sabe disso.
Se Beber Não Case 2 não se esconde atrás de limites e embarca no ritmo desenfreado da cidade, principalmente por saber que, para manter o interesse, sabe que deverá levar tudo até as últimas conseqüências. Aos poucos, o mosaico que se cria dessa noite perdida é pintado com um macaco fumante (e traficante), dançarinas trasvestis, monges e tatuagens, fazendo jus ao cover de Johnny Cash, cantado na trilha por Mark Lanegan, “The Beast in Me”, que soa enquanto a câmera percorre aquele apartamento à espera do começo daquela viagem de volta (mesmo sem saber como foi a de ida).
O diálogo com o caos da situação é tão profundo a ponto de que um macaco mordendo uma “ereção” criada com uma garrafa de plástico em um monge chega a ser engraçado, já que o espectador está totalmente preparado para falta total de sentido, afinal “um macaco mordendo um pênis é sempre engraçado” como descobre o, mais uma vez, sensacional personagem de Zach Galifianakis, que ganha muito mais profundidade, passando até por uma meditação onde Phillips então tem a oportunidade de mostrar ao mundo a visão distorcida desse personagem divertidamente imbecil (e que possibilita mais uma meia dúzia de sequências ultrajantes, no bom sentido, envolvendo um bando de crianças).
E Se Beber Não Case 2 é isso mesmo, essa procura pelo ultraje, pelo limite, pelo cinismo de tentar colocar na tela um momento tremendamente sensível envolvendo um macaco, Galifianakis e um maço de cigarros, e por fim, dar a quem se divertiu com o primeiro filme, uma segunda chance de passar por essa noite sem sentido na companhia desses três caras.
Veja aqui o trailer do filme Se Beber, Não Case! Parte II
The Hangover Part II (EUA, 2011), escrito por Todd Phillips, Craig Mazin e Scot Armstrong, dirigido por Todd Phillips, com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong, Paul Giamatti, Jason Lee e Nick Cassavetes.
10 Comentários. Deixe novo
Eu particularmente não consigo não gostar de filmes. Nunca acho uma perda de tempo assistir a qualquer filme que seja. Esse é a mesma coisa. É um filme meio ruinzinho, acho que pegaram pesado demais em algumas partes. Eu não acho dedos cortados e tiroteios engraçados. No primeiro era uma comédia completamente engraçada e leve. Eles simplesmente puseram um ar diferente, deixaram o Alan meio psicótico e “doente”, Bangcoc parecia um lugar de dar pena e não de achar graça. O filme até que diverte em certas partes, mas temos que concordar que não chega aos pés do primeiro. Sem falar que tem uns palavrões bem desnecessários. Não sou contra palavrões, mas eles não falavam com naturalidade, parecia que estava ali no script e eles eram obrigados a falar.
Dizer que este filme é bom, faz imaginar que, ou a pessoa não viu o filme, ou tem tanto quanto ou pior mau gosto que o próprio. A realidade é que o filme é horrivel, sem graça, cápia descarada do primeiro e sugere falta de criatividade no roteiro. Se alguém discorda, então vamos imaginar que o filme fosse feito por outros que não americanos, como todo lixo dos EUA vem para nos Brasil…
que filme fodaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa adorei o filme mal posso esperar pela parte 3 beijos de jason viado 🙂
Muito bom o filme, tive que assistir esse filme pois me lembro de quando assisti o primeiro filme e me diverti muito, acabei fazendo muitas coisas bizarras em uma festa que fui no mesmo dia e se lembrar o que aconteceu foi um parto. Hehe
esse filme e muito bonito gostei muito
engraçado eu amo ver filmes não perco um concordo com vc jéssika
GENTE JÁ ASSISTI O PRIMEIRO FILME E GOSTEI MUITO
DEI UMA OLHADA NO TRAILER E QUASE MORRI DE RIR
ENTÃO ACREDITO QUE SEJA DEMAIS…..
ATÉ…
=)
Eu sinceramente detestei o filma, para quem gosta de pornografia, drogas e bebidas com uma pitadinha de piada, que siquer dá vontade de rir, é ótimo.
O filme é muito bom, mas tem muitas críticas que fazem dele uma “cópia bizarra” da primeira parte. Na verdade quem vai assistir o filme só quer rir, e o autor do Se Beber Não Case é um gênio, todo mundo que assiste vira fã. E com certeza, que o Se Beber Não Case III seja o CASAMENTO DO ALAN . kk ia ser muito bom.
Excelente filme. Conseguiram fazer o que dificilmente acontece em sequências de filmes de sucesso: manter a história tão boa e interessante como a do original. E mais, fizeram isso repetindo a estrutura do primeiro filme, o que, via de regra, não costuma funcionar. O filme cumpre muito bem seu papel, com cenas e situações mais pesadas (beirando o mal gosto) que no primeiro filme, mas o resultado final é muito positivo apesar de deixarem, dessa vez sem motivo, Doug fora da aventura. Acho que deveriam criar uma outra continuação para finalizar o saga desses figuras, “o casamento de Alan”. Se esse já foi insano imagine o que poderia ser feito na despedida de solteiro do personagem mais engraçado da turma. Tomara que tenham essa idéia, seria muito bem vindo.