Nancy Meyer é uma roteirista simpática que desde os anos 80 vem escrevendo comédias engraçadinhas (como o Pai da Noiva e Recruta Benjamin), que, a partir do fim da década posterior, virou um diretora simpática ( Do que as Mulher Gostam e Alguém tem que Ceder) e agora lança o simpático Simplesmente Complicado. O problema disso tudo, é olhar para toda essa filmografia e perceber o quanto todos são apenas simpáticos e nada mais.
É claro que para muitos isso basta para sair do cinema achando que seu ingresso valeu a pena, mesmo que nunca mais volte a pensar nesses filmes, mas talvez esteja aí o melhor jeito de caracterizá-los: descartáveis. Como se fossem feitos para serem jogados no lixo junto com o pacote de pipoca na saída da sala.
Por isso que é complicado apontar a quantidade de equívocos que Meyers repete a cada filme seu, a começar por uma estrutura irritantemente engessada, que se repete sem o mínimo pudor, como se seus roteiros fossem o resultado preguiçoso de uma fórmula matemática (o que acontece com a gigantesca maioria dos filmes, mas que nesse caso extrapola demais aquela estrutura dos três atos com suas duas reviravoltas etc). Na trama Meryl Streep é um divorciada bem resolvida por fora, mas que ainda colhe os cacos da separação com Alec Baldwin, que a trocou uma mulher muito mais nova. Isso, até que o antigo casal acaba se reencontrando e começando um caso.
Na outra ponta do triangulo ainda aparece o arquiteto bem sucedido (irritantemente bem sucedido na verdade, como todos outros personagens do universo de Meyers) que acaba se apaixonando pela personagem de Streep. Por trá de tudo isso ainda existem um trio de filhos chatos e dramáticos, que parecem não servir para muito coisa (assim com o grupinho de amiga à la Sex and the City da personagem principal, pouquíssimo aproveitadas).
Uma obrigação de se colocar no gênero “comédia romântica”, talvez seja o maior inimigo de Meyers (tanto nesse quanto em todos outros seus filmes), pois em nenhum momento seus filmes parecem suficientemente a vontade para extrapolarem demais em nenhum dos lados, tropeçando nas próprias pernas. Simplesmente Complicado não tem praticamente nenhuma linha realmente engraçada, e quando opta pelo romance se torna meio piegas e óbvio. Pior, ainda parece não ter o timming necessário para equilibrar nenhum dos dois lados, se perde em uma piada sobre maconha que perdura por muito tempo, e quase destrói o terceiro ato de seu filme por esquecer de colocar sequer uma risada nele.
“Quase destrói”, por que conta com um trio de protagonistas afiado que consegue “salvar” o filme com suas atuações. Um Baldwin cada vez mais inteligente e a vontade com sua nova “persona” (que ele parece ter adquirido na série de TV 30rd Rock) e uma Meryl Streep, até meio exagerada, mas que continua sendo a maior atriz do cinema atual, podendo ainda fazer o que quiser sem se preocupar em desagradar, mesmo aqui em um papel meio sem sal, mas que em suas mãos se torna humano e “engraçadinho”. Um destaque negativo talvez vá não para Steve Martin, mas para o pouquíssimo tempo de filme que lhe é dedicado, tornando-o pouco interessante, e dificultando que o cinema o escolha como preferido no triangulo amoroso, mas que ainda assim se mostra extremamente competente quando tem a chance.
Simplesmente Complicado é um filme sem novidades, quadrado e, até por que não, chato, mas que nada disso vai impedir ninguém de ir ao cinema graças a uma massiva campanha de marketing (que até conseguiu colocar a dupla Baldwin e Martin capitaneando a cerimônia do Oscar desse ano), fora isso, talvez o melhor a fazer seja procurar pelo nome de Nancy Meyers nas prateleiras das locadoras.
It´s complicated (EUA, 2009) direção: Nancy Meyers com: Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin e John Krasinski
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feio arrumadinho
feio arrumadinho
"Simplesmente Complicado" pode até ser simpatico e bem feito, como muitas comédias americanas do gênero, mas não passa disso. Simpático, para mim, ainda é sinônimo de feio.