Skinamarink | Pseudo experimental e completamente pretensioso

Skinamarink | Pseudo experimental e completamente pretensioso

É fácil aceitar que Skinamarink se tornou uma espécie de queridinho do terror do ano. É fácil também perceber que isso acontece, em grande parte, porque, na arte, o melhor a se fazer diante do incompreensível é admirá-lo enquanto não está entendendo nada, afinal não quer que ninguém descubra sua ignorância.

Infelizmente muita gente concorda com essa última frase do parágrafo anterior. Infelizmente para a arte, felizmente para esse terror pretensioso, vazio e que se esconde por trás de uma intenção pseudo experimental para roubar 100 minutos da sua vida quando poderia ter só uns 20 e poucos.

Bem verdade, Skinamarink é baseado em um curta, Heck, do mesmo Kyle Edward Ball, então a ideia de ele ter meia hora é absolutamente realista. O que vem além disso é muita imagem que não quer mostrar muito e nem dar pistas, mas que vai tentando contar a história dessas duas crianças que acordam no meio da noite e estão sozinhas em casa. Mas isso você vai supor, porque nada é claramente contado, o que pode ser uma diversão para alguns e uma chatice maior ainda para outros.

Skinamarink é um filme bom?

O objetivo de Ball é fracionar sua história e torna-la incomoda, tanto pela dificuldade de entendimento, quanto pela oportunidade de não dar respostas. Mas as respostas estão por lá, só talvez não batam, talvez até entrem em contradição e pouco se relacionem com as próprias imagens que servem de fundo para tudo. Talvez as crianças estejam mortas, talvez o acidente de uma delas tenha a colocado em uma espécie de coma alucinógeno, muito menos seria uma surpresa se toda intenção experimental esconda uma história concreta com um demônio qualquer perseguindo as duas crianças. Pouco importa, já que toda parte estética do filme não se importa de corroborar com qualquer umas dessas verdades.

A câmera de Ball não mostrará a cara das crianças, nem de seus pais, nem de nada direito. Tudo é composto por esses enquadramentos que parecem fugir de qualquer tipo de objetividade mediante a vontade absoluta de criar a estranheza e o desconforto. Sensações que crescem até se tornarem realmente insuportáveis, tanto pela lentidão, quanto pela falta de boa vontade com o espectador.

Cena do filme Skinamarink

Tanto o capiroto, quanto as crianças não estão na tela, nem eles e nem suas falas, o que resulta em um show de passos fora de enquadramento e um ASMR que não chega em lugar nenhum. É lógico que o conjunto de tudo isso carrega o espectador para uma experiência sensorial, mas isso só vem com uma mão pesada, pouca iluminação e um monte de truques que pouco acrescentam ao filme ou sua história. Desvendar Skinamarink talvez se torne uma diversão de quem se encontrar perdido, mas baseado em tudo isso, talvez essas mesmas pessoas encontrem algo menor do que imaginam e até reneguem isso em busca de algo mais profundo. Coisa que não existe.

Não faz sentido algum a imagem toda riscada e quase puída pelo tempo, como se apontasse uma filmagem antiga, já que o roteiro aponta que a história se passa em 1995, ano em que as imagens já não pareciam com aquilo, mas a estética vazia do filme sempre vence diante da racionalidade narrativa da produção e as óbvias intenções do diretor. Quanto mais sujeira e ruído, escuro e câmera no teto, menos espaço para se pensar na ausência de uma história que coubesse em mais de 18 minutos.

Cena do filme Skinamarink: Canção de Ninar

Mas ainda estamos falando de um filme de terror e Ball não esquece disso. Nas poucas vezes que acerta, aponta sua câmera para situações que gelam a espinha pela lentidão, solidão e lentidão, como quando observa a mãe sentada na cama ou uma das crianças perdida e imóvel no escuro. Do outro lado, apena para “jump scares” que não cabem no clima do filme e, lógico que farão o cinema inteiro pular, afinal o acorde gritando no ouvido da plateia e o olho do brinquedo se movendo sempre funcionam, mas também vêm cheios de preguiça e falta de vontade.

Skinamarink pode até plantar a matéria-prima para o pesadelo de muita gente depois do final do filme, mas está tão preocupado com a experimentação estética que esquece que poderia (e deveria) ter alguma coisa para contar ao invés de apenas ficar brincando com sua câmera como se estivesse montando algum terror “artisticão” que será “super respeitado” nos circuitos de cinéfilos acadêmicos que terão insegurança de dizer que não entenderam nada ou que o que entenderam era tão fraquinho que terão que falar mal dele, mesmo como todo esforço para não ser entendido e só sentido. Descobrindo até que o sentimento que Skinamarink mais provoca é o de sono mesmo.

Trailer do Filme – Skinamarink

Ficha Técnica

Título Original: Skinamarink

Direção: Kyle Edward Ball

Roteiro: Kyle Edward Ball

Elenco Principal: Lucal PaulDali Rose TetreaultRoss PaulJaime Hill

Sinopse: No meio da madrugada, duas crianças acordam e procuram pelos pais, mas sozinhos na casa encontram forças que não conseguem compreender e que os prendem no local.

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