Era inevitável que o sucesso de 2010 ganhasse uma continuação e Sobrenatural: capítulo 2 surge então exatamente como isso: um sequencia. Simples, direta, que aposta em grande parte dos acertos do primeiro e continua a contar essa história com honestidade.
Diante disso também é fácil não esperar muito dele, apostando em mais um monte de fantasmas sinceros (nada de monstros, apenas maquiagens carregadas) e suas aparições, uma casa de madeira cheia de rangidos, alguns objetos mais marcantes para “ganharem vida sozinhos” (como um andador e um “telefone de lata”) e um fio de história para carregar essa família em direção a um final que acontece simultaneamente entre o mundo real e aquele “dos mortos”. Talvez, até soando como “mais do mesmo”, mas nem por isso deixando de ser uma ótima pedida, afinal, o primeiro já era.
Do mesmo jeito que irá decepcionar qualquer um que entrar no cinema em busca de algo minimamente diferente, que foi o que fez muita gente se identificar com o jeito “meio clássico” do primeiro. Um “jeitão” que fugia do que o cinema de terror atual apostava e ia de encontro a referências que fizeram muito mais sucesso em épocas pré-efeitos digitais. Desse modo, “Capítulo 2” continua fazendo o mesmo, mas não parece se esforçar para chegar em qualquer lugar que ele já não tenha chegado.
Nele, a família do pequeno Dalton Lambert (Ty Simpkins) agora se vê as voltas com o que parece ser um novo fantasma para atazanar suas vidas (e atazanar é mesmo a palavra certa, já que ele adora fazê-lo correr de um cômodo para o outro só por diversão). O problema é que dessa vez, o tal espírito parece ter arrumado um jeito de chegar ao “mundo real” junto da brecha que o pai, Josh (o sempre simpático e esforçado Patrick Wilson), deixou enquanto ia atrás do filho no final do primeiro.
E o interessante é que, ao invés de simplesmente usar o primeiro como desculpa para essa história, o roteiro escrito pelo diretor James Wan em parceria com Leigh Weinnel (mesma dupla do primeiro, mas que também foram os criadores da franquia “Jogos Mortais”, sendo o segundo até uma das vítimas do primeiro filme) resolve ir mais longe, apostando em uma trama que vai de encontro, justamente, ao protagonista e seu passado, assim como uma nova entidade, com uma nova história e novas motivações. Decisão que deixa que esse segundo Sobrenatural não peque por uma história sem personalidade.
Isso, em parceria com uma série de boas decisões que levarão o espectador a uma melhor ainda série de sustos, tanto em um macabro hospital abandonado quanto em uma casa que pertencia a um psicopata e ainda, no melhor deles, no quarto dos dois filhos em uma sequencia arrepiante que faz jus à existência do tal “telefone de latinha” e ainda lembra o quanto os armários de velhas casas são o habitat perfeito (e bem popular nos últimos tempos) para um punhado de fantasmas.
E ainda que a direção de James Wan não faça nada de muito espetacular nem nesses momentos nem no resto do filme, Sobrenatural: Capítulo 2 ganha só na segunda metade enquanto “brinca” de O Iluminado e Psicose para fechar as pontas do roteiro. Momento que se sente mais à vontade sem ser ele mesmo, ainda que seguindo as poucas (mas boas) possibilidades do primeiro, mas, com certeza abrindo espaço para todos no cinema torcerem para que a franquia (inevitavelmente) continue e e não deixe de tentar ser melhor a cada número.
Insidious: Chapter 2 (EUA, 2013), escrito por James Wan e Leigh Whannell, dirigido por James Wan, com Patrick Wilson, Rose Byrne, Ty Simpkins, Lin Shaeye, Barbara Hershey, Steve Coutler, Leigh Whannell e Angus Sampson.