Sombras do Terror | Uma boa pedida para os fãs mais hardcore


Quem diria que um sopro de ar fresco no gênero viria de um barracão mambembe, com temperado com angústia adolescente? Passando longe de rostinhos bonitos e romances melados, Sombras do Terror é bom exemplar de filme de vampiro com referências espertas, elenco empenhado e a presença de veteranos da indústria dando aquela força amiga.

Stan (Jay Jay Warren) está contando os dias para acabar a escola e poder se livrar do reformatório, da supervisão do avô casca grossa (Timothy Bottoms) e dos colegas idiotas. Seu melhor amigo, Dommer (Cody Kostro), também está cansado de sofrer com o bullying e as surras.

Um dia, Stan percebe que o barracão de ferramentas do avô no quintal conta com um visitante nada agradável; um dos vizinhos (Frank Whaley) foi atacado na madrugada por uma criatura misteriosa e invadiu o local para não virar cinzas no sol. Depois de contar a Dommer sobre o barracão, Stan tem que lidar com a sede de vingança do amigo contra os valentões da escola, a polícia e a reaproximação com uma ex.

Alternando boas cenas de história de fundo e repentes de sanguinolência, Sombras do Terror – péssimo título em português, aliás – é um exemplar de filme de vampiro que acerta no alvo.

O filme mistura vem algumas referências pop, o que é um prazer a mais para os fãs do gênero, seja no visual do monstro totalmente calcado no clássico Nosferatu, seja no herói pegando informações sobre como se livrar da criatura assistindo o Sombras do Terror de 1963, dirigido por Roger Corman e estrelado por Jack Nicholson e Boris Karloff. Ainda nas referências pops, a preparação para o conflito final ainda lembra muito um certo veterano do Vietnã.

Essa facilidade de conversar com os fãs talvez ainda tenha sido um dos responsáveis pela boa carreira em festivais do gênero pelo mundo, como Sitges, Grimmfest e Festival do Brooklyn. O que não impediu o filme de ir direto para DVD e streamings depois de uma curta passagem nos cinemas americanos. O que não significa nem de longe qualquer falta de qualidade do resultado final.

As cenas de fundo são muito bem-feitas, com diálogos e um toque de realidade bem-vindos, fugindo dos clichês sempre que possível. É especialmente interessante a escolha do diretor na hora de apresentar o passado dos personagens principais, de um jeito rápido e emocionante.

Isso ainda provoca algo raro raro em filmes com essas pretensões menores, um modo eficiente como nos importamos com os protagonistas e ficamos envolvidos emocionalmente nos acontecimentos, por mais absurdos que sejam.

Claro que existem furos de roteiro. O amor excessivo do diretor por algumas cenas que se estendem além do necessário e poderiam ser cortadas, além do baixo orçamento, prejudica os efeitos especiais, que tendem a ser menos convincentes.

No geral, nada que crie novos paradigmas e vai ficar no inconsciente coletivo. Porém, é bastante decente e diverte os fãs “mais hardcore”, assim como que novos apreciadores em busca de algo minimamente novo.


The Shed” (EUA, 2019); escrito e dirigido por Frank Sabatella, com Jay Jay Warren, Cody Kostro, Sofia Happonen, Timothy Bottoms, Siobhan Fallon Hogan e Frank Whaley.


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