Existem duas coisas que salvam qualquer filme de terror: humor e nudez. Terror na Água não tem nenhum dos dois, assim como quase não é um filme de terror, o que empata a equação em um resultado vergonhoso e sem sentido.
O filme é dirigido por David R. Ellis, que, curiosamente, já demonstrou saber se divertir com o gênero, como fez no absurdo Serpentes à Bordo e em duas outras oportunidades com o segundo e o penúltimo Premonição, mas esse lado despojado que salvaria qualquer terror ruim do desastre, fica, estranhamente, longe desse Terror na Água, que até tem todas as ferramentas para isso, mas não as usa.
Na história, um grupo de universitários viaja para a casa de lago de uma das personagens e dão de cara com um tubarão. Bem verdade, no final das contas o número de tubarões se multiplica, em um verdadeiro show de “mandíbulas”, e mais verdade ainda, eles estão em um lago, portanto, uma, ou mil, espécies não faz mínima diferença (pior ainda é perceber que, em certo momento, eles até tentam explicar isso!).
Mesmo com esse ponto de partida completamente absurdo e imbecil, Ellis e seu Terror na Água têm a cara-de-pau de tentarem ser sérios, criar um filme onde esses personagens acabam aterrorizados pela situação e não deixam espaço sequer para um punhado de mortes interessantes. Lembre-se que tudo isso com tubarões em um lago o que já é um passo para qualquer tipo de bizarrice.
O que Ellis, e o roteiro rabiscado (não acredito que aquilo tenha sido escrito) por Will Hayes e Jesse Studenberg, não percebem é que, com um material desses em mãos, ou você dá risada da situação ou a leva a sério. E nesse segundo caso, só permitindo que isso funcione com personagens e situações sendo desenvolvidos, laços sendo atados e vilões sendo colocados em seu lugar, sem isso, qualquer filme se transforma em um monte de mortes sem graça, com vilões que não dão medo e uma história que não leva a lugar nenhum. Que é o que acontece com Terror na Água.
Tudo fica pior ainda já que, visualmente, a grande maioria das mortes que poderiam acontecer acabam sendo trocadas por borbulhas vermelhas, já que, por falta de coragem (ou dinheiro) os coitados dos tubarões só aparecem fazendo refeições discretas sob as águas turvas de seu habitat lacustre. Ao resumir tudo a essas “bolhinhas”, e sem ter personagens para quem torcer, Ellis não tem nada em mãos, já que, se ainda optasse por um monte de decepamentos e mortes sangrentas e bacanas (como se divertiu em alguns de seus filmes), talvez tudo se salvasse, mas nem isso o fã do gênero terá.
E essa promessa fica mais desgostosa ainda para quem vai ao cinema à procura desses “detalhes sórdidos”, já quando o diretor nem ao menos respeita as regras do terror com adolescentes bonitos: Terror na Água não parece ter nem um pingo de feromônio, nem um jovem em ebulição e, ainda por cima, parece preocupado ao extremo em não mostrar qualquer tipo de nudez, nem quando tem a oportunidade de brincar com isso (como o divertido Piranhas 3D fez há pouco tempo).
Mas talvez quem mais sinta esse desastre seja o bolso de quem vai ao cinema enganado pelo 3D ao final do nome do filme, já que Ellis prefere resumir Terror na Água a uma seriedade narrativa chata e visualmente desperdiçada, portanto, não esperem muita coisa voando em suas caras, a não ser alguns tubarões (em movimentos completamente repetitivos).
Do lado do elenco, Ellis é ainda mais sacana, deixando aflorar completamente um lado sádico de sua personalidade, obrigando esses péssimos atores a terem momentos repletos de emoção e drama, o que faz com que todas atuações do filme (isso mesmo, sem exceção) sejam vergonhosas. Por curiosidade, Joshua Leonard, na pele de um “redneck” completo, com boné surrado dente sujo e tudo o mais, volta às telas em uma produção maior mais de uma década depois de carregar uma câmera no meio de uma floresta à procura de uma certa Bruxa de Blair. Talvez fosse melhor ter ficado lá virado de cara para a parede.
E se, mesmo com tudo isso, você ainda não se irritar com o filme antes mesmo de seu meio, não conseguirá escapar da imbecilidade daquela barbatana no meio de um rio, muito menos da desculpa que move os vilões, uma que talvez não seja bem aceita nem pelas platéias mais acéfalas e que, infelizmente (por isso sim seria bem divertido), só não explica o show dos tubarões puladores, que, provavelmente, fariam um baita sucesso no Sea World saltando pelo meio de arcos e deixando qualquer golfinho morrendo de inveja.
Shark Night 3D (EUA, 2011), escrito por Will Hayes e Jesse Studenberg, dirigido por David E. Ellis com Sara Paxton, Dustin Milligan, Chris Carmack, Joshua Leonard, Donal Logue, Sinqua Walls e Joel David Moore
4 Comentários. Deixe novo
muito chato filme com continuacao
Ah, e parabéns quem escreveu esse texto. (#FATO)
Quase que essa menina me mata de tanto rir! O filme é totalmente sem noção e ridículo. Não sei da onde ela tirou que o filme tem algo pra mostrar e falar. Bem, mostrou que é mais um filme trash com efeitos mal feitos com roteiro que provavelmente o personagem principal (tubarão) fez.
Se você gosta de filme trash, RECOMENDO!
Se você gostou do filme, tenta defender a ideia que o filme passa e ainda diz que o filme tem lição de vida, vá ver um médico imediatamente, você tem problema!
Ruim, ridículo, péssimo, nada de 3D, dinheiro jogado fora!!!! to com raiva até hoje por ter gastado dinheiro com esse filme, mais vergonhoso ainda são os cinemas lançando isso, o decepção!!!