A diretora Jorane Castro apresentou o Terruá Pará no início da sessão como sendo sobre a diversidade amazônica, mas durante a projeção descobrimos ser muito mais sobre a miscelânea musical da capital paraense do que sobre a floresta.
A história de fato começa na floresta e a intenção é que a narrativa comece e termine por lá. Essa é a lógica temporal. Começamos ouvindo o ritmo dos tambores e os sons da água para aos poucos novos gêneros e percursores da música regional apresentarem a sua visão dessa história que é contada por vários protagonistas contemporâneos.
As sequências se confundem com clipes musicais e a diretora é competente em criar as cenas que dialogam entre as diferentes paisagens, desde o mangue até a capital, passando pela floresta, pelo rio, pelo porto e a periferia. A localização espacial do filme é privilegiada pela cineasta que nos mantém em uma história que se desenrola através das notas, dos cantos, das batidas.
Por ser focado na música, a mixagem é muito boa e nos convence da “mise en scene”, mesmo que ao pé de um rio. A beleza da paisagem se mistura aos números musicais contagiantes, desde os de raiz caribenha e ribeirinha, passando pelo icônico techno brega e chegando no rap feminino e na ópera moderna. Incrível como tudo se encaixa nesse diálogo entre a floresta e a cidade. Seus representantes são a soma das influências sonoras da região.
“Terruá Pará” (Pará/Br, 2022); dirigido por Jorane Castro
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