The Moon: Sobrevivente | Um “filme catástrofe” à lá Coréia

O horizonte a ser alcançado pelo cinema está muito mais distante do que a maioria do pessoal sequer imagina. A Coreia do Sul não descobriu a sétima arte com O Parasita, são décadas e mais décadas de uma produção robusta e que, aos poucos, foi criando uma personalidade absolutamente própria e interessante. E lógico que isso inclui aquele tipo de filme divertidamente vagabundo (no melhor dos sentidos!) como The Moon: Sobrevivente.

O filme não é muito diferente de um monte de outros filmes que o pessoal que gosta de filmes do estilo já assistiram. Esse estilo que mistura um pouco de “catástrofe” com uma dinâmica meio Apollo 13. Sim, comparar com Hollywood não é uma ofensa para os coreanos, bem pelo contrário, The Moon é claramente uma vontade de fazer um desses filmes americanos, mas com o selo, suor e lágrimas da Coreia.

The Moon começa quase emulando uma espécie de vídeo institucional sobre o programa espacial do país e como agora eles estão focando na sua maior conquista, a chegada à lua. Depois disso o filme se transforma em um mosaico de reportagens sobre a missão de 2029 que levará três astronautas para o nosso satélite natural. Depois de toda essa exposição, o filme realmente começa e, logo depois de você reconhecer aqueles três personagens que decolaram para o espaço, vai se despedir de dois deles naquele velho esquema de montagem entre o espaço e a sala de comando na Terra.

O sobrevivente na espaçonave é vivido por Do Kyung-soo, ou D.O., astro do Exo, um dos mais famosos grupos de k-pop da Coreia. Quem dirige e escreve o filme é Kim Yong-hwa, diretor experiente e que vem do ultra-sucesso “Along With the Gods”. Para completar a trinca que garantiu as bilheterias enormes no país, o experiente e famoso Sul Kyung-gu vive o papel do ex-engenheiro que largou tudo depois de uma decepção, mas precisará voltar à ativa para salvar a missão, sem fazer a barba, todo desgrenhado e sem paciência… mas com um coração enorme.

E esse é um detalhe importante, The Moon, assim como grande parte do cinema coreano, tem um coração enorme. Como se permitisse a si mesmo sentir e não só transitar por uma estrutura batida de roteiro. Portanto, The Moon é intenso, cheio de discursos emocionantes e momentos exagerados onde um filme mais pessimista poderia acabar ou aceitar um Deus Ex Machina qualquer. Mas o roteiro de Kim Yong-hwa está preparado para tudo isso, a cada desastre anunciado, o que se sucede é um salvamento épico. Mas cada sucesso é sempre sucedido de um fracasso maior ainda, o que faz com que The Moon, bem diferente dos filmes do gênero, tenha picos e vales muito mais distantes dentro desse gráfico de tensões do filme.

O pessoal acostumado com o cinemão de Hollywood talvez estranhe, já que não estamos falando de uma escapada no último segundo, mas sim fracassos mesmo. Os últimos anos de cinema catástrofe russo brinca muito também com esse tipo de estrutura diferenciada, então fica aqui também uma dica para que curtir essa montanha-russa de emoções.

Quem estiver acostumado com Hollywood também vai estranhar o quanto os americanos do filme são babacas xenófobos e sem coração, pouco se importando com a vida de seus colegas no espaço, mas isso nem é muito mentira e vai servir quase como alívio cômico para quem está cansado dos clichês bregas dos “heróis” dos Estados Unidos.

Mas para isso funcionar, esse vai e vem maluco de emoções e a personalidade do roteiro, é preciso um visual que não atrapalhe, mesmo deixando claro que tem intenções claras de ser gigante. Isso acontece e tudo é batizado por um CGI absolutamente competente e que não deixa nenhum tipo de reclamação de ninguém. Agora, se alguma lei da física for ofendida e desrespeitada, já peço desculpas por The Moon, porque a diversão do filme é muito mais importantes do que essas regras bobas. Então, desligue seu senso crítico e mergulhe no pote de pipoca.


“Deo Mun” (Cor, 2025); escrito e dirigido por Kim Yong-hwa; com Sul Kyung-gu, Do Kyung-soo, Kim Hee-ae e Jo Han-chul, Park Byeong-eun


Trailer do Filme – The Moon: Sobrevivente

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