De toda ideia da Marvel de criar esse universo ligando seus filmes, e que resultaria em um enorme Os Vingadores (que reunirá todos personagens no ano que vem), sem sombra de dúvida, a maior bomba cairia no colo de quem ficasse com a incumbência de entregar Thor aos ávidos espectadores. E por mais que tenha sido esquisito a ideia de Kenneth Branagh nessa função, é justamente ela quem mais salva o filme.
Mas vamos por partes, primeiro, Thor tem a função de dar o passo inicial para fora da zona de conforto que os dois Homens de Ferro criaram, mais ainda, fazendo isso ao mesmo tempo em que convida seu público a engolir uma história totalmente fantasiosa e que ditará os rumos das franquias daqui em diante. Tanto o próximo Capitão América, (que estreia em Julho, veja ao trailer) quanto os próprios Vingadores, tem suas tramas não só enraizadas em Thor, mas, principalmente, nessa mítica que ele se propõe a apresentar, o que necessitaria de uma arrogância imensa para segurar tudo isso sem deixar o resultado desandar.
É ai que entra Branagh, um diretor arrogante (no bom sentido) que não se esconde por trás de sua paixão “shakespeariana”, que encarou um enorme Hamlet (com suas mais de três horas de duração) em 1996 e deu à Mary Shelley (dois anos antes) sua mais ambiciosa visão de seu clássico Frankstein. Diante disso, a enorme responsabilidade de criar Asgard (além dos nove mundos que formam o âmago de toda ideia) lhe cai como uma luva.
Branagh não só é o nome certo, como parece se divertir demais com os 150 milhões que a Marvel colocou em seu bolso para gastar com o filme (Frankstein custou 40 e poucos, Hamlet, 18 milhões) e, diante disso, faz realmente um filme enorme, talvez um pouco simplista demais em sua estrutura, mas ainda assim, equilibrado e épico o suficiente para fazer jus ao herói. Com uma câmera que não se prende a nada e voa por esse enorme mundo, diminuindo seus personagens diante dessas terras colossais (ainda que não tome as melhores decisões em algumas batalhas um pouco visualmente confusas), ao mesmo tempo, entorta o horizonte de seus planos e cria essa impressão de distanciamento da realidade, como se convidasse seu espectador a conhecer um lugar fantasticamente novo.
No caso, aquele onde vive Thor (vivido pelo australiano desconhecido Chris Hemsworth, que fez uma pequena participação em A Trilha e outra em Star Trek), filho de Odin (Anthony Hopkins), Deus supremo de Asgard e dos Nove Mundos, até que, diante de sua desobediência, pouco antes de ser coroado, é exilado para a Terra, onde deve aprender a obedecer mais a razão e a humildade antes de querer resolver tudo com os músculos.
A trama em si passa por esse lado shakespeariano (talvez daí a ideia de trazer o diretor) onde Thor é, na verdade, enganado por seu irmão Loki (Tom Hiddleston, que, nas poucas cenas em que contracena com Hopkins, faz valer completamente as escolhas de elenco) que ambiciona se tornar Rei, enquanto na Terra (entre os mortais) Thor aprende sua lição, se apaixona pela cientista Jane Austin (vivida pela, mais que segura, Natalie Portman) e volta para se vingar dele.
Como visto, nenhuma novidade, mas de modo tão equilibrado e cuidadoso que uma certa falta de ambição narrativa não se deixa sobrepor as intenções simplistas do filme. Talvez na Terra Thor se transforme rápido demais nesse cara humilde, mas em nenhum momento antes disso, Branagh deixa que seu herói seja enxergado como um idiota manipulado, mas pelo contrario, um fanfarrão que entra em cena jogando seu martelo para o alto enquanto é saudado por seus súditos, mas, sobre tudo isso, um guerreiro ferrenho, inteligente e pronto para se sacrificar por seu povo. Resumindo: um personagem romântico e puro que, ao chegar à Terra (além de servir para uma ou outra risada) não esconde por um segundo que seja, uma certa admiração por essas pessoas. E nesse momento conquistando seu espectador.
É lógico que quem não embarcar se irritará com toda ideia fantasiosa, mas seria difícil demais negar essas raízes e, ao mesmo tempo, criar uma história que respeitasse o personagem, já que tem a consciência de que o melhor lugar para achar essa história é, justamente, nos quadrinhos do personagem (lição aprendida com o Homem de Ferro). Também não há como negar que o roteiro pode ser de Zack Stentz, Don Payne e Ashley Miller, mas é essa história criada por J. Michael Straczynski que sabe apostar na deliciosa dinâmica entre Asgard, em toda sua enormidade, e essa cidadezinha no Novo México (exatamente o que fez em sua passagem pelas histórias do herói nos quadrinhos há pouco tempo). Sem negar que Thor seja, simples e objetivamente, um filme de ação, com a única pretensão de divertir seu público com uma história amarradinha, cheio de classe e adrenalina.
No final da contas, Thor não deixa seus espectadores saírem do cinema tão empolgados como quando o fizeram na saída de Homem de Ferro (e toda sua novidade!), mas está longe de fazer feio, além de, mais uma vez, ter sua meia dúzia de surpresas e referências para os fãs se deleitarem (ainda mais com a apresentação do Gavião Arqueiro, vivido por Jeremy Renner), mas, mais do que nunca, é o convite definitivo para que todos fiquem apreensivos pelos próximos capítulos dessa história. Agora é só esperar o Capitão América gritar “Avante Vingadores” daqui a um ano.
veja aqui o trailer do filme Thor
idem (EUA, 2011), escrito por Ashley Miller, Zack Stentz e Don Payne, a partir de uma história de J. Michael Straczynski e Mark Protosevich dirigido por Kenneth Branagh, com Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston. Anthony Hopkins, e Stellan Skarsgard.
3 Comentários. Deixe novo
Eu adorei muito o filma.Principalmente a cena que o THORluta contra os titãs do gelo 😀
Thor é um herói da Marvel Studios, baseado nas HQ que, por sua vez, são inspiradas na mitologia nórdica. Das HQ, confesso, não conheço nada. Sei apenas que, desde a infância… (Leia o meu comentário, na íntegra, no blog pedacosdeu )
Eu adoro filmes, E assistir Thor e gostei muito da história, achei engrçado, divertido, tinha momentos de ação outros de comédia, etc…
Achei um filme thor bem variado que deixo todos os gostos felizes sem perder o rumo da história!