[dropcap]U[/dropcap]ma das maiores verdades do cinema é que todo mundo adora um bom filme de ação. A prova disso é a lista de maiores bilheterias da história: dos dez primeiros lugares, sete são filme de ação claros e óbvios. Nos outros três, um pessoal precisa enfrentar um navio afundando, um leão precisa reivindicar o trono do pai e, por fim (no mais recente da lista), uma princesa com poderes congelantes precisa descobrir seu passado.
Em resumo, tudo é “meio ação”, mas o século 21 ainda trouxe outro fenômeno: pilhas de dinheiro fácil.
Somente um dos “top 10” não foi produzido nos últimos 20 anos, mas pior ainda, desses dez, somente dois deles não são uma continuação ou refilmagem. E se levarmos em conta que Avatar irá ganhar algumas sequências e não é a primeira vez na história do cinema que alguém contou a história do Titanic, podemos dizer que não existe filme original na lista das maiores bilheterias da história do cinema.
Portanto, depois desse esforço todo para corroborar com nossa escolha editorial em criar um top 10 maiores bilheterias de filmes de ação, a opção foi de excluir dessa lista todos filmes que não sejam originais ou que, pelo menos, não sejam os primeiros.
Isso quer dizer que o único filme da Marvel que entraria na lista seria Homem de Ferro, que nesse caso é apenas a 170° maior bilheteria da história (e spoiler, não entrará nesse top 10 por pouco). Também não vamos levar em conta aquele filme com o “Parte 1” no título, seja oficial ou subentendido, portanto, nada de Harry Potter ou Senhor dos Anéis.
Com isso, confira então as 10 maiores bilheterias de filmes de ação que não são refilmagens ou continuações.
Os melhores filmes de ação que não são franquias ou continuações
Avatar | U$2,7 bilhões (Bilheteria geral: 2° lugar) | 2009 | dir. James Cameron
Enquanto o MCU ainda estava engatinhando com o Homem de Ferro, Avatar lembrou o mundo que ainda era possível existir um fenômeno cinematográfico que parasse o mundo (antes disso o mesmo Cameron tinha feito o mesmo com seu Titanic). Além disso, o diretor ainda levou aos cinemas um espetáculo visual que elevou o uso do 3D para um lugar que nunca mais foi alcançado. O poder de Avatar como fenômeno é tão grande que apenas em 2019 perdeu a posição de 1° lugar na lista das maiores bilheterias da história para Vingadores: Ultimato, que precisou de duas dezenas de filmes e quase uma década de preparação para chegar nesse lugar… Avatar só precisou de um filme.
Jurassic Park | US$1 bilhão (Bilheteria geral: 40° lugar) | 1993 | dir. Steven Spielberg
Se em 1993 ninguém chegou perto da popularidade dos dinossauros de Steven Spielberg (O Fugitivo, 2° lugar nas bilheterias, arrecadou quase apenas metade), o que vem depois disso são duas décadas de franquias e continuações que deixaram um dos reis das bilheterias dos anos 90, e talvez grande ápice monetário do diretor pós E.T – O Extraterrestre, acabe afundado na lista de maiores bilheterias da história.
A Origem | US$ 828 milhões (Bilheteria geral: 80° lugar) | 2010 | dir. Christopher Nolan
Em termos de originalidade, talvez nenhum outro desses filmes seja tão original quanto A Origem. Ainda que seja um daqueles filmes de roubo, Nolan extrapola tantas camadas e tantas ideias, sejam narrativas, quanto visuais, que é uma pena perceber o quanto grande parte dessas oito dezenas de filmes que lucraram mais que ele, não parecem muito preocupados com essa ideia tão interessante de ser original.
Homem-Aranha | US$ 825 milhões (Bilheteria geral: 82° lugar) | 2002 | dir. Sam Raimi
Por mais que um dos culpados por toda essa obsessão de Hollywood com os super-heróis seja, justamente, esse Homem-Aranha, o filme tinha tudo para ser um desastre esquecível se não fosse a junção perfeita de um diretor pertinente e uma tecnologia que permitia que o “Amigão da Vizinhança” pudesse se pendurar entre os prédios de Manhattan.
Independence Day | US$ 817 milhões (Bilheteria geral: 84° lugar) | 1996 | dir. Roland Emmerich
É impossível não enxergar um padrão onde as grandes bilheterias de material original, antes dessa enxurrada de franquias, remakes e continuações, acabaram ficando perto desse quarto final das 100 maiores bilheterias na história do cinema. O retrato de uma época onde uma grande bilheteria era uma aposta em blockbuster e os valores não estavam atrelados a óculos 3D e custos de ingresso mais amenos. Independence Day foi um fenômeno cinematográfico, sua importância e referencial sobrevive até hoje, mas nas bilheterias acaba sendo apenas uma sombra desse tamanho.
2012 | US$ 791 milhões (Bilheteria geral: 92° lugar) | 2009 | dir. Roland Emmerich
Se uma era de blockbusters originais ficaram para trás, os filmes catástrofe são um retrato ainda mais antigo do cinema e Roland Emmerich talvez seja um de seus últimos bastiões. 2012 está aí só pela destruição do mundo, mas ainda gerava o interesse de quem buscava aquela cena gigantesca onde uma grande metrópole do mundo vira escombros. Só pela curiosidade, depois de 2012, Emmerich voltou a falar dos ETs na continuação de Independence Day e está no começo da produção de “Moonfall”, onde, como o nome diz, a Lua está indo em direção à Terra depois de ser atingida por um asteroide.
Deadpool | US$ 782 milhões (Bilheteria geral: 98° lugar) | 2016 | dir. Tim Miller
Ainda que Deadpool não seja muito original, nem nos quadrinhos, nem no cinema, ainda assim a existência do filme abre as portas para as adaptações menos infantis e mostra que o “gênero super-herói” não precisa ser “só para crianças”. Um filme de super-herói, mas cheio de comédia, violência, metalinguagem e cenas de ação extraordinárias.
O Código Da Vinci | US$ 760 milhões (Bilheteria geral: 101° lugar) | 2006 | dir. Ron Howard
Por mais que seja movido pelo sucesso estrondoso do livro de Dan Brown, ainda assim o filme com Tom Hanks e Audrey Tautou colocou de volta nos holofotes do cinema mundial aquele tipo de thriller de ação adulto, cheio de referências e com os personagens correndo durante 130 minutos de duração.
Gravidade | US$ 723 milhões (Bilheteria geral: 115° lugar) | 2013 | dir. Alfonso Cuarón
Ainda que definição de gênero Gravidade seja um drama ou uma ficção científica, talvez até um thriller, é impossível ignorá-lo quando a ideia é pensar em filmes de ação originais. Suas muitas camadas e direção excêntrica que prima por seus planos longos e sem cortes não o impedem de ser um daqueles filmes de ação onde o protagonista precisa enfrentar a natureza que, a cada passo, arruma um jeito de tentar mata-lo.
Transformers | US$ 709 milhões (Bilheteria geral: 120° lugar) | 2007 | dir. Michael Bay
Seis filmes depois, Transformers acumulou US$ 4,84 bilhões nas bilheterias de toda série. Se levarmos em conta que foi investido pouco mais de US 1 bilhão em todas essas produções, é impossível achar que a franquia não deu certo. Portanto, imaginar que isso começou com essa ideia maluca de levar para as telas o famoso desenho dos anos 80 e seus robôs gigantes, não pode ser ignorado como um pequeno marco para o gênero.
Filmes de ação que merecem menção honrosa
Ainda que essa lista só queira fazer um recorte bem específico do gênero e entenda o quanto se estivéssemos falando de material puramente original, nem Homem-Aranha, nem Deadpool e Transformers estariam aqui, também é fácil falar que Avatar é uma cópia de Dança com Lobos e O Código Da Vinci só existe por causa do livro, portanto, nenhum necessariamente muito original assim.
Por isso, em homenagem aos realmente originais, fica aqui listado os outros seis filmes de ação puramente originais que entrariam na sequência desses, mas agora sem adaptações de qualquer tipo.
123° – Terra à Deriva | US$ 699 milhões
127° – Moana | US$ 690 milhões
140° – Piratas do Caribe e a Maldição do Pérola Negra | US$ 654 milhões
145° – Kung Fu Panda | US$ 631 milhões
146° – Os Incríveis | US$ 631 milhões
148° – Hancock | US$ 629 milhões