Enquanto o maior e mais importante festival de cinema do mundo começou com uma Palma de Ouro honorária (e surpresa) para Tom Cruise, os “verdadeiros” vencedores do Festival acabaram ficando nas mãos de um pessoal que está bem mais longe de Hollywood, mesmo sendo já velhos conhecidos da Riviera Francesa.
A Palma de Ouro (a que vale!) ficou com o diretor sueco Ruben Ostlund por seu Triangle of Sadness. Ostlund já tinha levado para casa o Prêmio do Júri em 2014 pelo incrível Força Maior, além da própria Palma de Ouro em 2017 pelo seu The Square: A Arte da Discórdia. Triangle of Sadness mantem o mesmo tom satírico e ácido de suas outras obras, agora acompanhando os sobreviventes de um navio cheio de gente super-rica e celebridades que afunda e deixa todos presos em uma ilha.
O outro grande prêmio do Festival, Melhor Diretor, ficou com outro velho conhecido de Cannes, o sul coreano Park Chan-Wook, conhecido pelos indicados à Palma de Ouro, Oldboy (que ganhou o Prêmio do Júri) e A Criada. Chan-Wook levou o prêmio para casa agora por Decision to Leave, um drama sobre um detetive que vai investigar um assassinato em um vilarejo e acaba se envolvendo com a principal suspeita.
Já quem trabalhou com Park Chan-Wook em 2009 (em Sede de Sangue) e agora levou a Palma de Ouro de Melhor ator por “Broker”, foi o também sul coreano Song Kang-ho. O ator recentemente foi celebrado no mundo inteiro por seu papel em Parasita, mas é um antigo colaborador do diretor Bong Joon Ho (Parasita) e já esteve em vários de seus filmes.
O prêmio de Melhor Atriz ficou com Zar Amir-Ebrahimi por seu trabalho em Holy Spider, novo filme de Ali Abbasi, que volta ao seu país de origem, o Irã, depois de assinar o terror Shelley, o esquisitão Border (e ainda alguns episódios da adaptação dos games, The Last Of Us). Em Holy Spider, Amir-Ebrahimi vive uma jornalista que mergulha no submundo da cidade iraniana de Mashhad enquanto investiga um serial killer.
Voltando aos grandes prêmios de Cannes, o Grande Prix (o segundo mais prestigiado do Festival) ficou dividido entre Close, de Lucas Dhont (que já tinha “passeado” por Cannes com O Florescer de Uma Garota) e Star at Noon, de Claire Denis, de Deixe a Luz do Sol Entrar, Bastardos e Chocolat (todos celebrados em Cannes nos anos que passaram por lá).
Por fim entre os prêmios mais importantes do Festival, o Jurí presidido por Vincent Lindon (ganhador da Palma de Ouro em 2015 por O Valor de um Homem e que ano passado esteve no vencedor do Festival Titane) contou com nomes como Rebecca Hall, Asghar Farhadi, Noomi Rapace e Jeff Nichols e dividiu a escolha do Prêmio do Júri (uma espécie de “segundo lugar”) entre dois filmes: o polonês EO e o italiano As Oito Montanhas.
Voltando ao Tom Cruise, além dele, o Festival de Cannes ainda distribuiu um “Prêmio Especial de Aniversário de 75 Anos” para os (velhos conhecidos do festival) irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne e seu filme Tori and Lokita.
Enquanto fora da competição o tapete vermelho contava com muita gente desfilando seus vestidos e ternos caros (mesmo sem muita ligação com o cinema) enquanto Baz Luhrman estreava seu Elvis, George Miller enlouquecia o pessoal com seu Idris Elba de gênio em “Three Thousand Years of Loging” e, é claro, Tom Cruise no F-14, os “verdadeiros” vencedores e vencedoras do 75° Festival de Cannes são mesmos aqueles que estão todo indo para a França para celebrar o cinema além de Hollywood.